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Regina Camargos é economista, professora da Escola Dieese de Ciências do Trabalho e consultora.

Na próxima semana, estreia aqui no Viomundo a coluna Economia sem mistérios.

Como pré-estreia, este artigo sobre uma das muitas bombas que o presidente Lula terá que desarmar para gerar empregos e crescimento econômico, combater a fome e garantir moradias, saúde e educação.

Uma dessas bombas é a escorchante taxa de juros estabelecida pelo Banco Central.

Um verdadeiro crime contra a esmagadora maioria da população brasileira.

De forma muito clara, Regina Camargos explica por quê.

TAXA DE JUROS

Por Regina Camargos*, especial para o Viomundo

Todos sabemos que ao assumir o governo, Lula encontrou várias áreas do estado e das políticas públicas destruídas.

O governo Bolsonaro deixou para 2023 um orçamento mentiroso, que sequer contemplava recursos para o pagamento do Auxílio Emergencial de R$ 600 que o próprio ex-presidente prometeu durante sua campanha à reeleição.

Além dessa destruição, o governo Lula terá que desarmar muitas bombas para cumprir o que prometeu ao povo durante a campanha eleitoral, como mais empregos, crescimento econômico, combate à fome, moradias, saúde e educação.

Uma dessas bombas é a exorbitante taxa de juros estabelecida pelo Banco Central.

O Brasil tem hoje a taxa de juros mais elevada do mundo. O presidente Lula quer e precisa baixa-la por várias razões.

A taxa de juros elevada asfixia as empresas e famílias e impede a retomada do crescimento econômico.

E sem crescimento não será possível gerar empregos e arrecadar recursos para viabilizar os investimentos sociais e em infraestrutura que o povo tanto necessita.

O presidente do Banco Central, Roberto Campo Neto, o mercado financeiro e a maioria dos veículos da mídia corporativa repetem diuturnamente, como papagaios, que os juros estão altos porque existe um tal risco fiscal.

Traduzindo: a mídia, o mercado financeiro e o presidente do Banco Central  dizem que há risco de o governo não cumprir seus compromissos junto aos agentes econômicos – pessoas físicas, empresas e, principalmente, instituições financeiras.

Que compromissos são esses?

O governo, para fazer os investimentos necessários ao bem estar da população, precisa arrecadar impostos, mas isso não é suficiente por causa do tamanho da nossa população, do país e das enormes desigualdades sociais.

Para conseguir reunir o volume de dinheiro necessário fazer esses investimentos o governo precisa “pedir emprestado” à sociedade.

Como o governo faz isso? Ele vende ao público por meio dos bancos e outras instituições financeiras os chamados títulos da dívida pública. Qualquer pessoa que tenha condições de poupar pode comprar esses títulos.

Como em qualquer empréstimo, o governo paga juros a quem compra seus títulos. Quanto maior o prazo de vencimento desses títulos — 3, 5 ou 10 anos, por exemplo — maiores serão os juros pagos.

Ou seja, o governo pega empréstimos junto ao público e os paga depois de um certo tempo corrigidos por uma certa taxa de juros.

Mas, o presidente do Banco Central,  o mercado financeiro e os veículos de mídia “suspeitam” que o governo Lula pode dar o calote nesses empréstimos, pois está “gastando demais” porque, simplesmente, quer cumprir o que prometeu à população durante a campanha vitoriosa nas urnas!

Só que essa “suspeita” do mercado, da mídia e do presidente do Banco Central não tem nenhum fundamento na realidade.

Dizem também que essa “gastança” do governo vai gerar inflação. Por isso o Banco Central tem que manter os juros elevados.

Acontece que a diretoria do Banco Central não foi eleita pelo povo. E, mesmo assim, está tentando impedir que o programa de governo escolhido pelo povo nas eleições de 2022 seja posto em prática.

É como se Lula tivesse ganhado a eleição, mas não pudesse governar, já que não pode colocar em prática o seu programa, pois a política de juros exorbitantes impede os investimentos do governo e a retomada do crescimento econômico.

Além disso, os juros elevados aumentam a dívida do governo junto ao público – os tais empréstimos sobre os quais já falamos. Se o governo fica mais endividado, ele não pode investir naquilo que realmente interessa à população.

E, aí, eu pergunto: de que adianta o governo pagar taxas de juros elevadas às pessoas que lhe emprestam dinheiro se não consegue oferecer a essas mesmas pessoas serviços essenciais como saúde e educação? É dar com uma mão e tirar com a outra!

De que adianta eu ou você termos ganhos financeiros com nossas aplicações em títulos do governo se temos que pagar plano de saúde e escola privada?

Essa lógica absurda penaliza, sobretudo, as parcelas mais pobres da população que sequer têm recursos para poupar e aplicar no mercado financeiro.

Além disso, torna os ricos ainda mais ricos.

Em resumo, a política de juros altos do Banco Central impede o governo de governar e compromete o futuro da maioria esmagadora da população brasileira.

Há sinais de que a economia mundial está retomando o crescimento e a inflação está em queda na maioria das economias com as quais o Brasil tem relações comerciais, principalmente, a China e os EUA. Portanto, há um horizonte aberto para o país voltar a crescer.

Está na hora de o Brasil país sair da armadilha dos juros escandalosos. O presidente do Banco Central, a mídia e o mercado financeiro não podem sequestrar o futuro do povo brasileiro.

*Regina Camargos é economista e consultora

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