Declaração de Donald Trump afirmando que teve uma conversa “amigável” com Xi Jinping fez divisa norte-americana recuar em vários países. No Brasil, moeda seguiu abaixo de R$ 6 e desvalorizou-se mais 0,12%, para R$ 5,918. Analistas alertam para “efeito temporário”
Após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ter revelado que a conversa entre ele e o presidente da China, Xi Jinping, na semana passada, foi “boa e amigável”, o dólar manteve a trajetória de queda registrada ao longo da semana e encerrou o período em queda acumulada de 2,47% nos últimos cinco dias. Ontem, o câmbio da moeda recuou 0,12%, para R$ 5,918 — o menor valor de fechamento desde 27 de novembro de 2024.
O movimento de queda surpreendeu o mercado esta semana, e não foi só no Brasil que o dólar perdeu força. Em relação ao euro, a moeda norte-americana desvalorizou 0,74%. Na comparação com o yuan chinês, a queda foi de 0,61%.
A mesma tendência foi observada em relação a outras moedas, como iene (-0,05%), libra esterlina (-1,02%), dólar canadense (-0,27%) e peso argentino (-0,08%). O Índice DXY, que compara a cotação do dólar frente às principais moedas estrangeiras, registrou queda de 0,6% no pregão de ontem.
Apesar de ter prometido taxar os produtos chineses quando retornasse à Casa Branca, Trump contou que conversou com o presidente chinês, por telefone, na quinta-feira da semana passada. Segundo ele, a conversa foi “boa e amigável”. “Acabei de falar com o presidente Xi Jinping da China. A ligação foi muito boa para a China e para os EUA. Minha expectativa é que resolveremos muitos problemas juntos, e começando imediatamente.
Discutimos o equilíbrio do comércio, Fentanil, TikTok e muitos outros assuntos. O presidente Xi e eu faremos todo o possível para tornar o mundo mais pacífico e seguro”, escreveu, ontem, o presidente norte-americano em sua rede social, a Truth Social.
Ao mesmo tempo, a porta-voz do governo chinês, Mao Ning, destacou que a cooperação comercial e econômica China-EUA é “mutuamente benéfica” e que a China “nunca buscou deliberadamente” um superavit na balança comercial com os EUA. “Apesar das diferenças e atritos, os dois países têm enormes interesses comuns e espaço para cooperação, e é aí que ambos os lados podem fortalecer o diálogo e a consulta”, afirmou Mao Ning.
Na avaliação do economista-chefe da Ecoagro, Antônio da Luz, a taxa de câmbio caiu abaixo dos R$ 6, nesta semana, devido ao enfraquecimento do dólar no exterior. Segundo o especialista, isso ocorre em virtude de uma melhora no cenário tarifário dos EUA. “O mercado precificou medidas tarifárias duras de Trump na primeira semana e elas não vieram. Em Davos(na Suíça), as falas dele também foram mais amenas. Por aqui, seguem as enormes preocupações com as contas públicas, e não havendo medidas fiscais efetivas, esse ‘alívio’ deverá ser efêmero”, disse.
Ontem, o Índice Bovespa, principal indicador da Bolsa de Valores de São Paulo (B3), manteve-se praticamente estável, registrando uma queda de 0,03%, para 122.449 pontos. O destaque ficou com as mineradoras, que operaram em alta sustentadas pela recuperação do preço do minério de ferro na China, que subiu 0,31% no acumulado da semana. As ações da Vale, CSN e Usiminas lideraram os ganhos no setor.
“O comportamento dos investidores refletem um otimismo moderado, com os índices ainda próximos de suas máximas históricas”, avalia o sócio e economista-chefe da Bluemetrix, Renan Silva.
Os juros futuros também mostraram variações relativamente controladas, com pequenas flutuações ao longo da curva. A taxa dos contratos DI para janeiro de 2026 subiu para 15,07%, enquanto, para janeiro de 2027, fechou em 15,35%. Os dados de inflação continuaram a influenciar o humor do mercado, após a prévia do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA-15) de janeiro registrar ligeira desaceleração, avançando 0,11%.
Analista vê pragmatismo
A relação entre os Estados Unidos e a China não tem sido nada amigável nos últimos anos. Pelo contrário, ambos os países disputam a hegemonia econômica global desde o início dos anos 2000, quando o país asiático começou a registrar taxas de crescimento bem superiores ao que era visto antes. Tanto no primeiro mandato do republicano Donald Trump quanto na gestão do democrata Joe Biden, houve aumento de tarifas sobre os produtos chineses. E, agora, na nova gestão do bilionário norte-americano, haverá novos desdobramentos.
Na visão do gerente de Comércio Internacional da BMJ Consultores Associados, Leandro Barcelos, a escolha de Marco Rubio para liderar a política externa do país já foi considerada uma resposta mais agressiva aos chineses, devido ao posicionamento do ex-senador, que recebeu duas sanções da própria China, por ser abertamente crítico ao regime político do país. Contudo, Rubio parece sinalizar uma maior aproximação dos EUA com a potência asiática.
O ex-senador conversou com o ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi, ontem, por telefone. “Os governos da China e dos EUA devem implementar o consenso importante alcançado entre os presidentes Xi Jinping e Donald Trump”, disse Wang a Rubio, de acordo com nota publicada pelo governo chinês.
Se cumprir com o que vem prometendo, Trump deve implementar uma sobretaxa de 60% às importações de produtos chineses. Em comparação ao governo Biden, que buscava diálogo com a China em torno de questões climáticas, o especialista acredita que a tendência é de que ocorra uma descontinuação das discussões sobre o tema. “Portanto, espera-se que as relações entre os países sejam mínimas e diretas, pautadas principalmente pelo protecionismo comercial”, afirmou o analista da BMJ.
Para Barcelos, a política comercial norte-americana nos moldes visados por Trump tem potencial de gerar impactos significativos para ambos os países, uma vez que a China é um importante parceiro comercial dos EUA. Além disso, o robustecimento do embate tarifário “resultaria em pressões inflacionárias e necessidade de diversificação de mercados para americanos e chineses”. Ele lembrou que, se houver maior fechamento do mercado dos EUA para produtos chineses, o Brasil pode ganhar com a necessidade de redirecionamento das exportações da China, mas também há riscos de taxação aos membros do Mercosul.
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