Deu no The New York Times era o título do filme, de 1987, do genial Henfil, que mostrava os “não-acontecimentos” da imaginária República de Tanga.
“Se o New York Times não publicou”, dizia a certa altura um dos mentores da ditadura de Tanga, “é porque não aconteceu”.
Era a sátira à preocupação dos nossos ditadores aqui com “a imagem do Brasil no exterior”, sempre um valor imenso para um país que, sem projetos e orgulhos próprios, vive a apostar que vêm de fora as forças capazes de trazer estabilidade econômica e desenvolvimento, por isso mesmo, não-inclusivo.
Hoje deu no The New York Times a renúncia do deputado Jean Wyllys ao seu mandato, por sentir-se ameaçado.
Teve tanto ou mais espaço que a estréia de Jair Bolsonaro em Davos.
Pior, levou para lá a ligação possível entre o assassinato da vereadora Marielle Franco e os milicianos próximos ao gabinete do “Mito Jr.” e mencionou a comemoração do auto-exílio do presidente no Twitter.
Não importa que, aqui dentro, a tropa bolsonarista vocifere de felicidade.
Já disse hoje que aumentar o fanatismo não é o mesmo que aumentar o apoio e, frequentemente, é o inverso.
O que importa é que “deu no New York Times” e, ainda que a elite brasileira tenha trocado a “Maçã” por Miami, chamou a atenção sobre a República de Tanga que nos fizeram voltar a ser.
POR FERNANDO BRITO
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