Esposa do lutador, Irani Pinheiro, confirmou a informação. O lutador sofria de encefalopatia traumática crônic
O boxe está de luto. Morreu nesta quinta-feira, em São Paulo, José Adilson Rodrigues dos Santos, o Maguila, o melhor peso-pesado do país. O lutador sofria de encefalopatia traumática crônica, uma demência pugilística. A doença foi diagnosticada em 2013. A esposa do lutador, Irani Pinheiro, confirmou a informação em entrevista à tevê Record.
Sergipano de Aracaju, Maguila nasceu em 11 de julho de 1958. O pugilista acumulou 85 lutas com um cartel de 77 vitórias (61 por nocaute), sete derrotas e um empate técnico. Dois combates foram históricos com os astros Evander Holyfield e George Foreman.
Fã do brasileiro Éder Jofre e da lenda do boxe Muhammad Ali, Maguila decidiu subir aos ringues depois de assistir a combate em uma tevê em preto e branco no Nordeste. Pela realização do sonho, partiu rumo a São Paulo aos 14 anos para trabalhar como ajudante de pedreiro. O documentário Maguila, de Galileu Garcia, lançado em 1987, contou histórias de combates do lutador pela sobrevivência.
Maguila comia pão com banana para golpear a fome. Morou na carroceria de um caminhão de entulho abandonado na região do Butantã. Em 1979, começou a ver a luz no fim do túnel e a chance de dar uma guinada na carreira. Participou da então tradicional Forja de Campeões treinado por Ralph Zambrano, tio de Éder Jofre.
Quatro anos depois, conquistava o título de campeão brasileiro depois de superar o adversário Waldemar Paulino no Ginásio do Ibirapuera. Ostentou o cinturão até 1995. Ganhou também o título sul-americano em 1984 contra o argentino Antonio Figueroa e reinou na América do Sul durante uma década sempre agressivo com o fortíssimo punho direito.
Turbinado pelas narrações de Luciano do Valle nas programações da Band, Maguila foi conquistando fãs no Brasil inteiro. A primeira derrota foi diante do argentino Daniel Falconi, em 1985. O nocaute deixou sequelas. Maguila sofreu deslocamento de retina e precisou passar por duas cirurgias para não perder o olho.
Maguila conquistou o cinturão das Américas pelo Conselho Mundial de Boxe (WBC), em 1986, e da América Latina pela Associação Mundial de Boxe (WBA) e pela Federação Internacional de Boxe (IBF), ambos em 1996. Faltam conquistas nas principais associações de boxe da modalidade.
As maiores lutas da carreira foram contra os astros Evander Holyfield e George Foreman. Em 15 de julho de 1989, ele enfrentou Hoyfield depois de uma série de 18 vitórias consecutivas, uma delas na temporada de 1987 diante de James Smith, o “Quebra-Ossos”, em 1987. Maguila suportou o primeiro round, mas perdeu por nocaute no segundo. Maguila pretendia derrotar Holyfield para desafiar Mike Tyson, porém o sonho foi frustrado.
No ano seguinte, Maguila travou duelo à parte com George Foreman. Empilhava 36 vitórias e ocupava o décimo lugar no ranking da Associação Mundial de Boxe. Foreman tinha 41 anos e levou Maguila à lona no segundo assalto. “Falar sobre o Foreman é pensar em cair de novo. Só em falar dele dá vontade de cair”, brincou Maguila ao relembrar a luta. “O véio era uma parada dura. O que eu vou contar são as quedas que levei, batia no véio e ele nem se mexia. Ali foi problema, estou vivo e tranquilo. Se ficasse em pé ele me matava”, recordou.
Aposentado, Maguila aventurou-se como cantor. No álbum Vida de Campeão. Na tevê, assumiu até o papel de comentarista de economia. O puglista recebeu homenagem carnavalesca da escola de samba Me Chama Que Eu Vou e chegou a virar tema de um documentário, mas faltou patrocínio.
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