O marqueteiro Duda Lima, responsável pela estratégia de comunicação e propaganda eleitoral do candidato Ricardo Nunes (MDB), que levou um soco do assessor e sócio de Pablo Marçal (PRTB), Nahuel Medina, teria pedido ao hacker Walter Delgatti Netto para simular um código-fonte falso com o objetivo de desacreditar a segurança das urnas eletrônicas em 2022.
Na época, ele era marqueteiro da campanha eleitoral de 2022 do ex-presidente Jair Bolsonaro. O próprio Delgatti revelou essa informação durante depoimento à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Congresso Nacional, que investigava os atos golpistas de 8 de janeiro.
Segundo o hacker, Duda Lima participou de reuniões para discutir como Delgatti poderia contribuir para a campanha de reeleição de Bolsonaro, visando criar dúvidas sobre a integridade das urnas eletrônicas.
“Inicialmente, [o marqueteiro] disse que o ideal seria eu fazer uma entrevista, participar de uma entrevista com a esquerda e, de forma espontânea, falar sobre as urnas”, revelou.
O marqueteiro ainda teria proposto que o hacker simulasse um código-fonte falso para demonstrar que seria possível manipular a votação. “Eu faria o meu [código-fonte], não o do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), só mostrando para a população que é possível apertar um voto e imprimir outro. Era essa a ideia”, afirmou.
A ideia de Duda Lima, segundo o hacker, era usar esse conteúdo para produzir um vídeo que seria divulgado no dia 7 de setembro, quando estava prevista uma grande mobilização de apoiadores de Bolsonaro em Brasília. No entanto, o plano acabou sendo cancelado após vazar para a imprensa. “O meu encontro saiu na mídia e, por esse motivo, eles cancelaram isso”, afirmou Delgatti.
Quem é Duda Lima?
Duda Lima foi uma indicação de Valdemar da Costa Neto, presidente do PL e aliado de Nunes na campanha pela reeleição. O marqueteiro já tinha experiência em campanhas eleitorais do partido no interior de São Paulo e, em 2022, foi escolhido por Valdemar para coordenar a propaganda eleitoral do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Durante a campanha de Bolsonaro, Duda foi responsável pela produção do material exibido na televisão e no rádio, enquanto o conteúdo digital era coordenado por Carlos Bolsonaro e o publicitário Sérgio Lima.
Apesar de ser visto com desconfiança pela ala mais bolsonarista da campanha, especialmente os que trabalharam na eleição de 2018, Duda Lima resistiu à pressão e continuou à frente da propaganda eleitoral até o final da disputa.
Em 2023, Duda começou a trabalhar com Ricardo Nunes, já no planejamento da campanha de reeleição para a Prefeitura de São Paulo. A contratação do marqueteiro foi vista como um sinal de fortalecimento da aliança com Valdemar da Costa Neto e o PL, partido de Bolsonaro.
Vale destacar que essa aliança garantiu a Nunes o maior tempo de televisão na disputa, com mais de 60% do espaço destinado aos candidatos, além de consolidá-lo como o representante de Bolsonaro na capital paulista.
Duda Lima liderou a produção de uma série de propagandas no rádio e na TV que destacaram problemas judiciais de Pablo Marçal. Em uma das peças publicitárias, uma delegada de São Paulo foi convidada a explicar uma condenação enfrentada por Marçal, estratégia que ajudou a minar a credibilidade do adversário e fortalecer a imagem de Nunes na disputa.