Policiais civis desmentiram na última sexta-feira (23) a alegação feita por Celso Luiz de Oliveira, cunhado do perito Eduardo Tagliaferro, de que um delegado da Seccional de Franco da Rocha, na Grande São Paulo, teria ordenado a entrega do celular de Tagliaferro ao “gabinete do ministro Alexandre de Moraes”, do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Os investigadores afirmam que o vazamento das mensagens do celular de Tagliaferro não ocorreu na Polícia de São Paulo, classificando a versão apresentada por Celso Luiz à Polícia Federal, em depoimento na quinta-feira (22), como uma “grande mentira”, conforme informações do Estadão.
De acordo com Celso Luiz, o delegado teria afirmado: “O pessoal do gabinete do ministro (Alexandre de Moraes) está pedindo o celular. A gente vai mandar para o ministro. Pode entregar que depois eu restituo. O ministro está muito preocupado com esse telefone. Ele pediu para mandar para Brasília.”
Um policial destacou que é “impensável” pensar que, conforme sugerido pelo cunhado de Tagliaferro, um funcionário do gabinete do ministro teria entrado em contato com a Seccional de Franco da Rocha para solicitar o envio do celular a Brasília.
Segundo ele, se fosse o caso, Moraes teria feito isso de maneira oficial, através de um ofício encaminhado ao comando da Polícia de São Paulo. Além disso, foi ressaltado que o celular apreendido era de uso pessoal, e não institucional.
Outros policiais envolvidos no caso afirmam que foi o próprio Celso Luiz quem levou o celular até a Seccional de Franco da Rocha, onde assinou um termo de entrega voluntária. No entanto, o cunhado de Tagliaferro sustenta que policiais civis foram até a casa do perito e exigiram que o aparelho fosse entregue.
Os policiais afirmam que o celular foi devolvido lacrado, em um envelope plástico da perícia, devidamente numerado, e que o sigilo do conteúdo não foi comprometido durante os seis dias em que permaneceu sob custódia da Seccional.
Segundo o relato dos policiais, quando Tagliaferro foi buscar o celular na Seccional, ele afirmou que o aparelho era de uso pessoal e que o dispositivo institucional já estava no STF. Tagliaferro, acompanhado de um advogado, teria aberto o envelope em que o celular estava guardado.
O perito assinou um documento de recebimento, e os policiais enfatizam que ninguém na delegacia tinha a senha do aparelho, o que impossibilitaria qualquer acesso ao conteúdo. Entretanto, Tagliaferro alega que o celular estava desbloqueado.
Os investigadores afirmaram ainda que Tagliaferro recebeu o celular “nas mesmas condições em que o deixou na Seccional” e que ele assinou um termo de responsabilidade pela confidencialidade do conteúdo. Além disso, reforçam que “não houve nenhum telefonema do gabinete do ministro Alexandre de Moraes” para a Seccional de Franco da Rocha.
Vale destacar que o episódio ocorreu em maio do ano passado, quando Tagliaferro foi preso em flagrante na Delegacia de Caieiras, que é subordinada à Seccional de Franco da Rocha, acusado de ameaçar sua esposa e disparar uma arma de fogo dentro de sua residência.
No dia seguinte à sua prisão, Tagliaferro foi demitido do cargo no TSE, encerrando sua assessoria ao ministro Alexandre de Moraes.
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