A Polícia Federal (PF) confirmou no final da tarde desta terça-feira, dia 23, que quatro pessoas foram presas suspeitas dos ataques a telefones celulares de autoridades ligadas ao Governo Federal e à Operação Lava Jato, entre elas, o atual ministro da Justiça e da Segurança Pública, Sérgio Moro, vítima de acesso ilegal no aplicativo Telegram. O ACidadeON/Araraquara publicou o caso com exclusividade mostrando a ligação da cidade na busca e apreensão de hoje. Mas, quem seriam os suspeitos, dos quais um casal está preso temporariamente?
O ACidadeON/Araraquara apurou que os dois são amigos e já foram detidos pela polícia juntos. Trata-se de Walter Delgatti Neto, mais conhecido como Vermelho, de 30 anos, que há anos tem familiaridade com o ambiente online, e Gustavo Henrique Elias Santos, de 28, que já atuou como DJ [era chamado de Guto Dubra] e foi preso temporariamente em São Paulo na operação de hoje. Em Araraquara foram cumpridos dois mandados de busca e apreensão em casas na Vila Xavier [da avó de Delgatti Neto] e na casa da mãe de Gustavo. As ações também foram realizadas em Ribeirão Preto.
Por aqui, foram apreendidos documentos e aparelhos eletrônicos com a finalidade de se obter “os elementos de provas relacionadas a invasão de contas do aplicativo Telegram utilizadas pelo atual ministro da justiça e segurança pública”, diz o mandado de busca e apreensão. A PF chegou aos suspeitos por meio da perícia criminal federal, que conseguiu rastrear os sinais do ataque aos telefones. Não está claro se o grupo tem ligação com o pacote de mensagens privadas dos procuradores da Lava Jato obtido pelo site The Intercept Brasil.
A informação também que corre é que, ao contrário do que se imaginava, o grau de capacidade técnica dos hackers não era alto. E o histórico deles demonstraria isso. Estariam mais para golpistas do que hackers. Um dos suspeitos [que foi preso em apartamento em São Paulo, mas a família morava no Selmi Dei, bairro periférico de Araraquara] tem 28 anos e o pai está preso desde 2006, por envolvimento com roubo, furto e uma tentativa de homicídio. Ele, no entanto, tinha uma boa vida com carro importado e frequentando bons ambientes.
A prisão de Gustavo surpreendeu sua família, que diz acreditar em um erro da investigação. “Estou chocada, estou tremendo, tenho certeza que meu filho não está envolvido nisso, não. Eu acho que foi um erro tamanho”, disse à Folha de S.Paulo na noite desta terça (23) a mãe do ex-DJ, Marta Elias Santos. “Eu desconheço [o suposto envolvimento], não passa na minha cabeça uma coisa dessa.” O próprio advogado dele, Ariovaldo Moreira, não imagina que o cliente tenha se envolvido no caso. Ele estará em Brasília nesta quarta-feira para acompanhar o caso.
Na Justiça tem contra si alguns processos. Em 14 de janeiro de 2013, ele foi preso por ter receptado uma caminhonete, uma Hillux, avaliada em R$ 91 mil, e para circular adulterou as placas e o documento. No seu celular havia fotos ostentando o uso de armas, por isso os policiais foram até a casa dele [essa mesma vistoriada hoje pela PF] e apreenderam munições calibre 38 e 735, além de simulacros de armas reais. Julgado em 2015, foi condenado a cumprir seis anos e seis meses de reclusão, em regime semiaberto.
Mas, essa relação entre os dois suspeitos de Araraquara fica comprovada em outro processo. Em maio de 2015, os dois foram detidos na companhia de mais duas pessoas dentro do Parque Beto Carrero World, em Santa Catarina. O suspeito de 28 anos foi ouvido e liberado, mas o colega, de 30 anos, que está foragido e teve a casa vistoriada na Vila Xavier, acabou preso por falsidade ideológica. Na época, detido, apresentou uma carteira vermelha com as inscrições da Polícia Civil [comprada de um camelô, em São Paulo] e dentro do carro havia uma arma e munições.
Mas, este não é o único processo envolvendo esse suspeito de Araraquara que passa a ser investigado pela PF na Operação Spoofing com o objetivo de desarticular organização criminosa que praticava crimes cibernéticos. Além de Sérgio Moro, teriam sido vítimas do grupo o desembargador Federal Abel Gomes, da TRF 2ª região, do juiz federal Flávio Lucas, da 18ª Vara Federal do Rio de Janeiro, além do aparelho dos delegados federais Rafael Fernandes, de São Paulo, e Flávio Reis, de Campinas.
As atividades ilícitas dele eram variadas e antigas. Em Piracicaba, no dia 7 de julho de 2012, o ele se hospedou em um hotel e pagou a conta de R$ 740 com o cartão de crédito de um homem de 75 anos. Em juízo, em agosto de 2015, não negou o crime e acabou condenado a um ano de prisão em regime aberto. Antes, em 2009, também chegou a ser detido por suspeita de envolvimento com drogas, mas foi colocado em liberdade por um habeas corpus.
Em 8 de maio de 2013, ele foi detido por policiais rodoviários, em São Carlos, com um carro avaliado em mais de R$ 100 mil, na época, e ostentando cartões de crédito e débito falsos e um extrato bancário mantendo na conta R$ 1.8 milhão. Ele chegou a ser preso, mas depois foi solto pela Justiça.
Em 21 de fevereiro do ano passado, foi julgado por envolvimento em um estelionato cometido em março de 2015. Na época, ele teve acesso a um cartão bancário furtado de um escritório de advocacia e aproveitando dele fez uma série de compras, entre elas, poltrona, cabeceira de cama, além de roupa de cama. Um prejuízo de quase R$ 1.7 mil. Quando ouvido sobre o caso negou o crime e alegou ter feito a compra com o cartão fornecido por um amigo. Ele acabou condenado a um ano e dois meses de reclusão em regime semiaberto.
Mas esse não é o único caso. Em 15 de abril de 2017, acabou preso por tráfico de drogas e falsificação de documentos. Policiais civis investigavam outro caso quando cumpriram um mandado de busca e apreensão no seu apartamento, em Araraquara. Lá, apreenderam comprimidos de um medicamento com venda proibida, além de uma carteirinha de estudante de medicina da USP com a foto dele e dados pessoais de outra pessoa.
Em janeiro do ano passado, a Justiça o absolveu do tráfico e o condenou a dois anos pela falsificação. Mas, em junho do ano passado, a Promotoria e a defesa recorreram e o Tribunal de Justiça entendeu que por ele ter um perfil reincidente o condenou também pelo tráfico de drogas. A defesa já recorreu da medida em instâncias superiores. O ACidadeON/Araraquara não conseguiu contato com o advogado de acusado de 30 anos. Já sobre o outro suspeito, o advogado Ariovaldo Moreira disse que vai ainda hoje para Brasília tomar ciência dos detalhes do caso.
A operação
O ACidadeON/Araraquara teve acesso com exclusividade ao documento que virou em poucos minutos notícia em todo o Brasil. Nele consta apenas os endereços que devem ser vistoriados em Araraquara “com a finalidade de se obter de forma seletiva todos os elementos de provas relacionadas a invasão de contas do aplicativo Telegram utilizadas pelo atual ministro da justiça e segurança pública.”
Os mandados em Araraquara foram cumpridos pelo delegado Luiz Flávio Zampronha e a ordem judicial da busca foi assinada pelo juiz federal Vallisney de Souza Oliveira, da 10ª Vara Criminal do Distrito Federal.
No documento está descrito que os agentes devem promover a busca e apreensão de bens e documentos relacionados à execução e produtos do crime em questão, bem como documentos e mídias de armazenamento, além de aparelhos eletrônicos. Os agentes também ficaram liberados para apreender qualquer elemento que constituísse uma prova prática de outro crime principalmente envolvendo aplicativos como WhatsApp e Telegram. Na internet, a turma criou até piada sobre o assunto.
A invasão
No dia 5 de junho deste ano, o celular do ministro da Justiça sofreu uma tentativa de invasão. No caso de Moro, já se sabe que o ministro atendeu a uma ligação de um número igual ao dele, e que isso permitiu o acesso ilegal ao aplicativo Telegram, que ele não usava mais. Diante da possibilidade de clonagem do número, a linha foi abandonada. Com o número de Moro, os hackers podem ter aberto ou reativado a conta do ministro no Telegram e se passado pelo ministro.
No mês passado, a PF concluiu investigação preliminar apontando que o smartphone do ex-procurador geral da República, Rodrigo Janot, foi o primeiro a ser invadido pelo suposto hacker que teve acesso às conversas do ministro Sérgio Moro e seus diálogos com o atual procurador, Deltan Dallagnol. Segundo a autoridade, foi por meio do celular de Janot que o invasor teve acesso aos grupos de Telegram onde se encontravam arquivadas as conversas vazadas posteriormente pelo site The Intercept Brasil. Ainda não se sabe se a operação desta terça-feira tem relação com esse mesmo inquérito.
Segundo matéria do G1, que apontou as conclusões da PF, após a invasão ao aparelho de Janot, o tal hacker também invadiu smartphones de procuradores da Operação Lava Jato no Paraná, São Paulo e Rio de Janeiro. Ao todo, cerca de 10 autoridades relataram tentativas de invasão de seus aparelhos. Ao Jornal Nacional, em 13 de junho, a PF afirmou que, durante a investigação conduzida em nome de quatro inquéritos abertos para apurar o caso, muitos dos smartphones não estavam com o recurso de verificação de login em dois passos.
Casos semelhantes foram relatados pelos procuradores da Lava Jato no Rio de Janeiro e no Paraná. Essa semana, foi a vez do ministro da Economia, Paulo Guedes, ter o celular hackeado. Antes, a líder do governo no Congresso, Joice Hasselmann (PSL-SP), também informou que o celular dela havia sido invadido.
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