Bolsonaro entrou num beco sem saída e a casa dele está caindo.
Já no desespero, o capitão chamou sua seita fundamentalista para ir às ruas no domingo, depois desistiu de ir aos protestos a favor, mas o estrago já está feito.
Com a popularidade em queda, só consegue mobilizar protestos contra ele por onde passa, como aconteceu hoje no Recife. Perde mais aliados a cada dia.
Até o guru Olavo de Carvalho, o roqueiro Lobão e a deputada Janaína, três esteios do bolsonarismo, já pediram o penico.
Entre ataques de insanidade e recuos, este presidente de fancaria testou a paciência do povo brasileiro para ver até onde poderia ir, e acabou produzindo a tempestade perfeita, que avança sobre seu desgoverno.
Com o Congresso conflagrado, tem que correr de um lado para outro para apagar incêndios, e sai cada vez mais queimado, junto com o ex-juiz Sergio Moro, o outro superministro que está cada vez mais desmoralizado.
O maior dos incêndios nesta sexta-feira foi a entrevista à revista Veja em que o superministro Paulo Guedes já ameaçou jogar a toalha ao ver o seu Posto Ipiranga em chamas.
“Pego as coisas e vou morar lá fora. Já tenho idade para me aposentar”, desabafou. Cabe perguntar se pela antiga ou pela nova Previdência da capitalização dos bancos?
Sentindo o cheiro de queimado, Guedes falou à revista que sem a reforma do 1 trilhão “o Brasil pega fogo”.
Para completar, nova pesquisa da XP/Ipespe, a bússola do mercado financeiro, mostrou pela primeira vez que a rejeição superou a aprovação ao governo Bolsonaro, em apenas cinco meses de governo, algo inédito.
A avaliação do governo como ruim ou péssima chegou a 36%, uma alta de 5 pontos percentuais em comparação com a pesquisa da primeira semana de maio.
Em compensação, o nível de ótimo ou bom oscilou um ponto para baixo, ficando em 34%.
Nestas condições de tempo e temperatura, só um ato de completa insanidade leva um governo a convocar “protestos a favor” do governo e contra o Congresso e o Judiciário, nos esgotos das redes sociais comandadas pelos filhos do presidente e movimentos da extrema direita cada vez mais radicalizada e ensandecida.
Só para lembrar: o vice presidente, general Hamilton Mourão, está viajando pela China, exatamente no mesmo lugar onde se encontrava o então vice João Goulart, quando Jânio Quadros renunciou em 1961, e deu origem ao golpe militar, três anos depois.
Aqui as coisas costumam se repetir, ao mesmo tempo, como farsa e como tragédia, não vamos nos esquecer.
Por Ricardo Kotscho, no Balaio do Kotscho e para o Jornalistas pela Democracia
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