O jornal TaguaCei esteve no dia 23 de maio na sede do Partido dos Trabalhadores, em Brasília, para uma exclusiva entrevista com o pré-candidato ao Senado pelo PT, Dr. Marcelo Neves.
Dr. Marcelo é doutor em direito, professor da UnB e exprimiu sua opinião sobre a condenação ilícita do ex-presidente Lula e sua candidatura à Presidência da República. Falou também sobre sua história pessoal, seus projetos ao Senado e de políticos traidores da pátria, como Rodrigo Rollemberg e Cristóvam Buarque.
Para Dr. Marcelo todo o processo contra Lula, especialmente o do Triplex, o qual ele foi condenado, não se justifica a luz da ordem jurídica, porque o Juíz Sérgio Moro foi parcial, ele se manifestou várias vezes durante o processo pré-julgando, então ele não poderia julgar, isso é caso de nulidade, e o Tribunal da 4ª Região Federal não tomou as providências. “Além disso, não há provas, e mesmo se houvesse provas não caberia a tipificação como corrupção, nem como lavagem de dinheiro”, ressalta.
Ele explica que a situação no caso de Lula é muito grave, que é uma condenação juridicamente infundada. Porém ele fala que esses recursos que Lula está apresentando perante aos tribunais superiores levam tempo e pode ser até que anulem e declare a nulidade no futuro, mas que até lá, já se terá passada a eleição. Mas quanto à situação atual, em face da Lei da Ficha Limpa, Dr. Marcelo explica que mesmo se Lula for solto, haverá problemas, porém, há decisões anteriores da justiça eleitoral – quando é possível está subordinado a recursos a decisão do colegiado de 2ª instância, pode-se admitir a candidatura, isso já ocorreu com alguns prefeitos, já houve decisão do TSE nesse sentido. “Então Lula poderia se inscrever e aguardar as decisões recursais, nisso ele ganharia tempo, o problemático é que se passar o primeiro turno e, no segundo, se negarem a candidatura dele, a chapa toda cai”, acrescenta. Em termos estratégicos, para ele, Lula deve manter o máximo, talvez até próximo do primeiro turno, ele retirando o vice, iria com a legitimidade do seu nome. Essa seria uma estratégia viável, colocando um vice de sua inteira confiança e que tenha condições de representar o nome do PT como Presidente da República.
Dr. Marcelo contou brevemente de sua história na política. Disse que milita desde 1974, no antigo e autêntico MDB. Iniciou na militância aos 17 anos de idade ao lado de Marcos Freire – que naquele ano se candidatou ao Senado. E sempre esteve ligado à militância do PT em sua cidade natal, Recife, com João Paulo, Humberto, com Paulo Rubens Santiago e todo o grupo daquela época. Sempre foi atuante na militância, mas nunca havia se filiado. “Passei muito tempo estudando e ensinando no exterior e quando retornei, no governo de Lula, eu fiquei mais no mundo acadêmico, sempre sem muita proximidade. Quando veio o impeachment, esse golpe continuado contra Dilma e esses processos contra Lula, eu me envolvi muito radicalmente pela injustiça das elites brasileira contra os representantes do povo. E nesse envolvimento, foram crescendo convites aqui no Distrito Federal, participei em Curitiba de eventos, dando aulas públicas e explicando a ilegalidade da condenação de Lula, as atrocidades praticadas pelo Juíz Moro, os absurdos praticados por Gilmar Mendes – quando impediu a nomeação de Lula para a Casa Civil”, acrescentou Dr. Marcelo.
Nesse contexto, algumas militâncias e, por sugestão do próprio Lula, que em seu Instituto disse a Dr. Marcelo que ele deveria ser candidato, por ter uma boa oratória, uma boa presença e está muito envolvido com todo esse processo político, ele passou a considerar esta possibilidade. Também importantes lideranças locais do DF o convidou para algumas conversas, e, a partir de todo este contexto, ele aderiu a uma possível candidatura a Senador, a segunda vaga, junto com o Wasny de Roure. “Eu aceitei e me inscrevi no partido e passei a ser um militante ativo do PT, claro que o partido pode não decidir pelo meu nome, mas eu estarei com o partido no dia 7 de outubro, independentemente da vitória da minha pré-candidatura no dia 23 de junho”, disse.
Sobre as candidaturas dos ex-senadores eleitos com o apoio do PT, Dr. Marcelo explicou que a candidatura de Cristóvam surgiu quando o partido estava em ascensão, e a do Rollemberg também, eles aproveitaram a força do PT. “Quando eu entrei, quando a Dilma me chamou para dar um parecer, para ir ao Planalto, o Partido estava muito desacreditado naquele momento. Havia uma crise, uma desconfiança, até da sobrevivência do PT se falava, e esses traidores não gostam de se aproximar; eu me aproximo no momento que houve dificuldade. Agora está subindo novamente a narrativa positiva para o PT. E, portanto, minha tradição sempre foi de muita lealdade política e muito envolvimento” fez questão de esclarecer Dr. Marcelo. Ele ponderou ainda que irá sempre denunciar o traidor que foi Cristóvam Buarque. “Ele é um dos maiores traidores da política brasileira. Entrou, foi eleito pelo PT e votou pelo impeachment e pela Emenda 95, contra a educação que ele tanto falava. Se nós admitirmos essa emenda, a longo prazo, nós vamos destruir a educação pública, nós vamos privatizar a universidade, isso tem cálculos explicados por bons economistas. Então o que ele faz é contra tudo aquilo que ele disse. Agora ele é até formulador da política do Alckmin, ele faz parte do grupo do programa, ele tá caindo para a extrema direita e o partido do Bolsonaro está vinculado a campanha dele no Distrito Federal. Isso é muito grave, nós temos que denunciar”, alertou.
Sobre suas propostas a pré-candidato ao Senado, Dr. Marcelo explicou que o projeto é exatamente enfrentar a tentativa no Senado de revogar a Emenda 95, para que a Constituição brasileira, no seu lado social, seja restabelecida, ela está suspensa por interesses do capitalismo rentista; também revogar todos os dispositivos inconstitucionais que precarizam a nova lei trabalhista. “Esse é o ponto de início para um trabalho correto. E outra coisa, discutir novos mecanismos de controle do judiciário, porque este judiciário está atuando acima da lei, amplamente corrupto, recebendo acima do teto constitucional. Então nós temos que ter coragem perante o judiciário, temos que ter coragem contra a mídia oligopólica, exigindo um controle da sociedade civil e do estado, assim como acontece na Alemanha, França ou mesmo dos Estados Unidos, do controle da mídia, para que a pluralidade da opinião pública seja expressa na mídia e não a visão dos interesses do grande capital econômico do país, das elites conservadoras. Então nesse sentido nós temos que enfrentar esse debate do controle da mídia, que não conseguimos impor nos governos anteriores”, concluiu Dr. Marcelo.
Ele finalizou agradecendo ao Taguacei pela oportunidade e disse querer ir a Ceilândia para discutir às carências e os problemas da cidade.