O ministro do STF Gilmar Mendes concedeu entrevista a Daniela Pinheiro no portal UOL e ressaltou a força das instituições democráticas perante as ameaças golpistas de Jair Bolsonaro. Para ele, que acredita que o Supremo está mais unido após deixarem brigas internas de lado, não acontecerá golpe de estado, pois o mandatário está “muito debilitado”.
“Não, não vai. Eu aposto na resistência das instituições. Acho que é um processo. Nesse momento, o Bolsonaro está muito debilitado, o viés ficou muito debilitado. Em termos orçamentários, por exemplo, eu estava conversando com o Felipe Salto, que foi nomeado ontem secretário de Fazenda e Planejamento de São Paulo, e ele disse que tem algum investimento, com superávit por conta da arrecadação. Mas é a inflação. Não é bom. Bolsonaro chegou com o apoio das bancadas temáticas e, com risco de impeachment, fez a viagem rumo ao Centrão. Esse pessoal não embarca em aventuras”, disse ele.
Ele se recusou a falar do caso do indulto de Bolsonaro a Daniel Silveira. “Não é o momento de se comentar isso. A Corte precisa se reunir, precisa estar junta, porque essa votação de quarta-feira já foi muito difícil.”
“Acho que o tribunal está mais unido. Pode ser um efeito contrário desse quadro da animosidade geral trazido pelo Bolsonaro. Também tinha muita disputa em torno dessa coisa de defensores ou não da Lava Jato. E com a Vaza Jato, ficou um apoio meio envergonhado, acalmaram-se os nervos”, afirmou.
Ao avaliar a influência de Bolsonaro com a polícia e as Forças Armadas, o magistrado declarou que “hoje há um certo equilíbrio entre as polícias. A federação está em mãos de diferentes forças partidárias. São Paulo, por exemplo, está nas mãos do PSDB. É uma grande força policial, com bom controle. Portanto, não vejo isso acontecendo. No começo, pode ter havido uma contaminação porque eles elegeram muitos policiais, mas em quase quatro anos, não se produziu subordinação ao governo federal.”
Apesar de considerar que não ocorrerá uma ruptura democrática, Gilmar alerta que “somos uma democracia jovem, devemos estar atentos a toda sorte de desvios”. “Quem iria dizer que tivemos muito próximos de um modelo ditatorial vindo de procuradores e juízes?, acrescentou Gilmar referindo-se aos membros da Operação Lava Jato e suas arbitrariedades.
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