Postura beligerante do deputado licenciado nos EUA acirra tensões com o Supremo e compromete tentativas de distensão antes do julgamento de denúncia da PGR

A ofensiva do deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), aumentou a tensão entre os próprios aliados de Jair Bolsonaro (PL) investigados pela tentativa de golpe de Estado, segundo Malu Gaspar, do jornal O Globo.
Eduardo, que está temporariamente afastado do mandato e viajou aos Estados Unidos, declarou que passaria a “focar em buscar as justas punições a Alexandre de Moraes e a sua gestapo da Polícia Federal”, em referência à polícia secreta nazista. A declaração veio a público a menos de uma semana do julgamento em que a Primeira Turma do STF deve decidir sobre o recebimento da denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) contra 34 acusados, entre eles Jair Bolsonaro, o general da reserva Walter Braga Netto e outros nomes ligados ao núcleo duro do bolsonarismo.Play Video
A denúncia da PGR inclui acusações gravíssimas, como tentativa de golpe de Estado, organização criminosa armada, abolição violenta do Estado Democrático de Direito, dano qualificado contra patrimônio da União e deterioração de bem tombado.
Nos bastidores, o discurso agressivo de Eduardo é visto com crescente desconforto por advogados dos demais investigados. Segundo três defensores ouvidos pela reportagem de Malu Gaspar sob condição de anonimato, as falas inflamadas do parlamentar pioram o clima entre o Supremo e os réus.
“Se o Moraes acolher o pedido da defesa dos investigados agora, após as ameaças do Eduardo, fica parecendo um covarde”, afirmou um dos advogados, ressaltando o impasse gerado por um ambiente hostil. Outro defensor complementa: “isso cria um clima de animosidade com o STF e o relator. O ex-presidente Jair Bolsonaro também não tem uma postura muito conciliadora e isso nos causa prejuízos. É, na verdade, uma novela mexicana, e a gente não sabe qual será o próximo capítulo”.
A avaliação entre os advogados é que, ao atacar o relator do inquérito e compará-lo a agentes de regimes autoritários, Eduardo Bolsonaro não só amplia o desgaste institucional como também compromete estratégias de negociação e distensão que vinham sendo conduzidas nos bastidores.
Além disso, o próprio Eduardo já enfrenta investigações no âmbito do Supremo. Ele é citado no inquérito das fake news e também se tornou alvo de um procedimento após xingar o delegado da Polícia Federal Fábio Shor, responsável por parte das investigações que culminaram no indiciamento de Jair Bolsonaro. Nesse caso, o relator é o ministro Flávio Dino, aliado de Alexandre de Moraes.
A previsão é de que o julgamento na Primeira Turma do STF, marcado para terça-feira (25), aceite sem dificuldades a denúncia da PGR contra os 34 acusados. Com isso, os acusados passarão formalmente a responder ação penal pelos crimes apontados na investigação.
Com informações do Brasil 247
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