Por Lisandra Paraguassu
BRASÍLIA (Reuters) – O ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin exaltou nesta quarta-feira o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em discurso durante cerimônia de sua filiação ao PSB e, embora não tenha afirmado se será vice na chapa do petista, disse que espera que Lula…
BRASÍLIA (Reuters) – Ao assinar a ficha de filiação no PSB, nesta quarta-feira, o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin, assumiu o papel de candidato a vice na chapa com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mesmo sem ter em nenhum momento admitido o acordo, e exaltou o futuro companheiro de chapa em várias oportunidades.
“Quero cumprimentar o PSB pela decisão de apoiar o presidente Lula para presidente da República”, disse Alckmin, arrancando aplausos dos presentes na sede da Fundação João Mangabeira, em Brasília, onde ocorreu a cerimônia. “Ele é hoje aquele que melhor reflete, interpreta o sentimento de esperança do povo brasileiro. Aliás, ele representa a própria democracia, porque ele é fruto da democracia.”
Recém-desfiliado do PSDB, partido que ajudou a fundar e por onde atuou por 33 anos, Alckmin foi adversário de Lula na eleição presidencial de 2006, sendo derrotado pelo petista no segundo turno, e teve o PT na oposição nos quatro mandatos em que governou São Paulo.
Apesar de historicamente atuar em lado oposto a Lula e ao PT, Alckmin disse que, mesmo com divergências, os dois nunca colocaram em questão a democracia.
“Eu disputei com o presidente Lula a eleição de 2006, fomos para o segundo turno, mas nunca colocamos em risco a questão democrática. Nunca! O debate era de outro nível, nunca se questionou a democracia”, disse.
“Não tenho dúvida que o presidente Lula, se Deus quiser eleito, vai reinserir o Brasil no cenário mundial, vai alargar o horizonte do desenvolvimento econômico e vai diminuir essa triste diferença social que nós temos no país”, acrescentou.
Depois da cerimônia, que reuniu nomes graúdos do PT e do PSB em Brasília, o governador, em entrevista coletiva, voltou a falar como futuro vice. Ao ser perguntado como iria colaborar na campanha e em um possível mandato, disse que sabe dos limites da competência e da responsabilidade da tarefa de vice-presidente, mas que sua disposição é ajudar.
“As tarefas não são fáceis. Lula tem pé no chão. Ele tem colocado que é necessário uma aliança para vencer a eleição e também para governar”, disse.
Com dificuldades de ter espaço no PSDB, diante do controle do governador de São Paulo, João Doria, sobre o diretório estadual, Alckmin deixou o partido em dezembro, depois de tentar ajudar a derrotar Doria nas prévias. Sua saída, no entanto, já estava acertada há algum tempo, e suas conversas para ocupar o lugar de vice de Lula já haviam começado.
Ao se filiar ao PSB, Alckmin trouxe com ele hoje o ex-deputado federal Floriano Pesaro e o ex-presidente do PSDB em São Paulo Pedro Tobias. Também se filiaram dois ex-tucanos, o vice-governador do Maranhão, Carlos Brandão, e o senador Dário Berger (SC), que planejam ser candidatos aos governos estaduais.
O movimento de tucanos em São Paulo atrás de Alckmin foi pequeno, mas o ex-governador diz ver um crescente apoio a seu movimento entre seus apoiadores.
“Política é convencimento. Naturalmente muitos vêem com entusiasmo, outros vamos conquistando. É uma tarefa”, disse. “Eu fiquei esse tempo todo sem falar aguardando o momento adequado. Agora vamos começar a viajar e explicar, convencer, de maneira respeitosa, mas mostrando a realidade que estamos vivendo e o risco que a política brasileira está correndo.”
Mais de uma vez, o ex-governador frisou, em suas falas, que o Brasil vive “um momento excepcional”, e se disse convencido que Lula é o melhor candidato.
“Temos que ter os olhos abertos para enxergar que ele (Lula) é hoje o que melhor interpreta o sentimento de esperança do povo brasileiro. Ele é o que melhor representa a democracia”, defendeu. “Não tenho dúvida que o presidente Lula, se Deus quiser, será eleito e vai reinserir o Brasil no cenário mundial vai alargar o horizonte do desenvolvimento econômico e diminuir essa imensa diferença social.”
O ex-tucano deve ser anunciado em breve candidato a vice. O movimento, uma demonstração de Lula da necessidade de se aproximar do centro para vencer a eleição, enfrenta alguma resistência de alas mais à esquerda do PT, mas está consolidado dentro do partido porque é uma decisão do ex-presidente.
Quando será o anúncio oficial, no entanto, ainda não está decidido. “Chapa é mais para frente”, disse Alckmin, frisando que ainda não tem uma data para a conversa definitiva com Lula.
Petistas ouvidos pela Reuters afirmam que a data do lançamento da pré-candidatura de Lula não está fechada, mas deve ser em algum dia entre o dia 30 de abril e 3 de maio, em São Paulo. De acordo com o deputado José Guimarães, a intenção é apresentar já a chapa completa, Lula-Alckmin.
Já a presidente do partido, Gleisi Hoffman, explica que a decisão sobre a data deverá ser tomada apenas na próxima semana.
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