“Ajuda humanitária” não cruzou a fronteira. Quanto custa essa palhaçada?
Jair Bolsonaro está conseguindo envolver os brasileiros em assunto de outro país como não se via, talvez, desde a Segunda Guerra Mundial.
Carradas de nossos compatriotas são agora especialistas em Venezuela.
Racistas e xenófobos que odeiam sul americanos subitamente descobrem que amam os hermanos.
Com ajuda de uma campanha incessante da mídia — a Globo News não fala de outra coisa há dois dias —, aquela sua tia agora tem um retrato de Juan Guaidó na parede.
Quanto isso vai custar e onde vai parar?
Seria interessante o chanceler Ernesto Araújo expor alguns de seus gastos no passeio a Pacaraima, em Roraima.
Ali fica a fronteira onde se deu o vexame do que um idiota chamou de “Dia D” da “ajuda humanitária”.
Posou com crianças num contêiner.
“Além de acolher os próprios refugiados, o Brasil agora também dá acolhida ao sonho de liberdade do povo venezuelano: continuaremos trabalhando pelo fim da ditadura de Maduro”, escreveu no Twitter.
Estava lá em carro oficial com sua entourage. Supervisionou diretamente, portanto, o vexame.
Em nota, a Presidência da República afirmou que “a participação do governo brasileiro foi exitosa em reunir e transportar as doações até o destino de distribuição.”
Mentira.
As duas camionetes não puderam entrar e retornaram a Pacaraima. O pneu de uma delas furou. A carga cabia no lombo de um jegue.
Araújo inventou que “o primeiro caminhão com ajuda humanitária brasileira e americano cruzou a fronteira e entrou no território venezuelano e agora está se vendo como vai ser o descarregamento”
O que se tem até agora é um saldo de três venezuelanos mortos e treze feridos em confrontos com forças leais a Maduro em Santa Elena De Uairén.
Bolsonaro e seus cães querem mais, eventualmente com sangue brasileiro.
Como os generais argentinos com relação às Malvinas, a Venezuela tornou-se uma excelente cortina de fumaça para os escândalos de corrupção e a incompetência.
Ele mesmo admitiu nas redes que haverá “dificuldade” para “tentar consertar tudo isso” porque “o sistema não desistirá”.
Quem culpa o “sistema” é um sujeito que enriqueceu como deputado nas últimas três décadas e ainda colocou seus garotos para mamar no Estado.
Como já viu que vai soçobrar, Bolsonaro se pendura no saco de Trump, onde já está Guaidó, e manda um “¡Dios al mando!”
Quanto tempo vai durar é um mistério.
O certo é que vai custar ainda mais caro — em dinheiro, reputação, moral e em vidas.