youtube facebook instagram twitter

Conheça nossas redes sociais


O infectologista e professor da Universidade Federal do Ceará, Roberto da Justa, e o presidente do CFM José Hiran da Silva Gallo. Da Justa afirma: ”Está mais do que na hora de a autarquia abandonar o negacionismo e assumir suas prerrogativas em defesa da sociedade e da ciência. Para o bem da sociedade e da própria categoria. Fotos: Reprodução de rede social e CFM

9 de janeiro de 2024. O Conselho Federal de Medicina noticiou em destaque, na capa do seu portal:

Ao mesmo tempo, via e-mail, a autarquia informou os 560 mil médicos cadastrados na entidade sobre o assunto, convidando-os a participar da pesquisa de opinião.

As alegações são as mesmas apresentadas no portal:

conhecer a percepção dos médicos brasileiros sobre a obrigatoriedade da vacinação contra covid-19 em crianças de 6 meses a 4 anos e 11 meses;

enriquecer o debate e contribuir para a tomada de decisões futuras.

Na mensagem enviada aos aos seus associados por e-mail, o CFM destaca em letras maiúsculas: PARTICIPE ATÉ O DIA 23 DE JANEIRO

Pois finalmente chegou o último dia. 

23 de janeiro de 2024. Segundo a programação do CFM, é hoje o prazo derradeiro para os médicos participarem da pesquisa de opinião.

Porém, aqueles que tentarem vão bater com a cara na porta.

Há dois links para acessarem o questionário da ”pesquisa”:

— https://sistemas.cfm.org.br/questionariovacinacaocrianca/

— https://snw06.maxx.mobi/link.php?M=19914310&N=5402&L=33537&F=H.

Só que, em vez do questionário com as quatro perguntas, descobrirão:



— os links não funcionam.

— a URL/questionáriovacinaçaocrianca/não foi encontrada neste servidor (do CFM), diz a mensagem em resposta à sua demanda.

Curiosamente, a chamada para participação da ”pesquisa” sumiu da capa do portal do CFM.

Não está também no carroussel de notícias principais do Conselho.

Para achá-la, só fazendo busca no portal.

‘’Na verdade, desde sexta-feira, 19 de janeiro, os links que remetem ao questionário da ‘pesquisa’ estão inativos, fora do ar”, revela o médico infectologista Roberto da Justa, professor da Universidade Federal do Ceará (UFC) e integrante do Coletivo Rebento — Médicos em Defesa da Vida, da Ciência e do SUS.

”Além disso, a notícia chamando para participar da ‘pesquisa’, antes bem visível, agora está escondida”, atenta o médico.

Seria algum problema gravíssimo no servidor do Conselho?

Imagino que, se isso tivesse ocorrido, o próprio CFM alertaria na capa do seu portal. É beabá da comunicação.

O CFM resolveu atender à demanda de mais de 12 entidades científicas e da área da saúde?

Bem, se fosse isso, obviamente o CFM também noticiaria, pelo menos, para limpar um pouco a sua sujíssima imagem desde a pandemia de covid-19. Concordam?

”Está claro que o CFM recuou após a repercussão negativa e mobilização de segmentos da categoria médica e da sociedade civil contra a absurda ‘pesquisa’’’, afirma Roberto da Justa.

De fato, a repercussão foi grande.

Posicionaram-se contra a pesquisa de opinião do CFM, entre outras entidades:

SBIm — Sociedade Brasileira de Imunizações

ABMMD — Associação Brasileira de Médicas e Médicos pela Democria 

Abrasco — Associação Brasileira de Saúde Coletiva

Cebes — Centro Brasileiro de Estudos de Saúde

Frente pela Vida

RNMMP — Rede Nacional de Médicas e Médicos Populares

 SBB — Sociedade Brasileira de Bioética

Coletivo Rebento 

SBI — Sociedade Brasileira de Infectologia

SBP -Sociedade Brasileira de Pediatria 

SBPC — Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC)

”Realmente, derrubamos a ‘pesquisa’ do CFM na sexta-feira, 19 de janeiro”, julga Roberta da Justa.

“É um recuo do movimento antivacinal”, vai além.

“Recuaram de mansinho, na encolha, para não passarem atestado de que foram derrotados”, supõe. 

PESQUISA FERIDA DE MORTE

Quando se imaginava que fosse página virada o negacionismo do CFM, que tantos malefícios causou na pandemia de covid-19, ele voltou se manifestar em 9 de janeiro de 2024. 

Desta vez, fantasiado/travestido/camuflado de pesquisa de opinião.

A ‘’pesquisa’’ consistiu nestas quatro perguntas.

Pesquisa científica de verdade, para embasar políticas públicas de saúde, não se faz em cima de opinionimo/achismo.

Além disso, no caso da ”pesquisa” do CFM, as perguntas com flagrante viés sinalizavam que o objetivo era, sim, instrumentalizar o movimento antivacinal. 

Não precisa ter bola de cristal para chegar a essa conclusão. 

As duas últimas perguntas, com DEVE SER OBRIGATÓRIA e  DIREITO DE NÃO OPTAR em letras maiúsculas, escancaram o jogo e a intenção. 

Amadorismo na veia. 

As letras maiúsculas induzem propositalmente às respostas desejadas pelos elaboladores do questionário.

Nenhuma de pesquisa de opinião por mais furreca que seja cometeria este erro primaríssimo.

“A ‘pesquisa’ conduzida pelo CFM está ferida de morte, inadequada, com desvios éticos”, afirma Roberto da Justa.  

O infectologista cearense denunciou (abaixo, a íntegra da denúncia) o atual presidente do CFM, o médico José Hiran da Silva Gallo, CRM-DF 31204, ao Conselho Regional de Medicina do Distrito Federal (CRM/DF). 

“Na condição de presidente atual do CFM, é o responsável pela referida ‘pesquisa”’, observa. 

”O Conselho, que deveria defender a ética médica, atua de forma anti-ética na realização de ‘pesquisa’ com vários desvios, inclusive vulnerabilidade do link de coleta de dados e quebra do sigilo do entrevistado”, acrescenta.

”O recuo do CFM é uma importante derrota do movimento antivacinal no Brasil”, reforça.

Uma vitória nossa sobre o negacionismo.

”Está mais do que na hora de a autarquia abandonar o negacionismo e assumir suas prerrogativas em defesa da sociedade e da ciência”, arremata Roberto da Justa. “Para o bem da sociedade e da própria categoria.”

Com informações do VioMundo

Quer ficar por dentro do que acontece em Taguatinga, Ceilândia e região? Siga o perfil do TaguaCei no Instagram, no Facebook, no Youtube, no Twitter, e no Tik Tok.

Faça uma denúncia ou sugira uma reportagem sobre Ceilândia, Taguatinga, Sol Nascente/Pôr do Sol e região por meio dos nossos números de WhatsApp: (61) 9 9916-4008 / (61) 9 9825-6604.