“Não troco minha liberdade pela minha dignidade”, repetiu Lula mil vezes a todos os que o visitavam na cela, desde que foi condenado e preso sem provas
Em nenhum momento o ex-presidente fraquejou nesta determinação férrea de provar sua inocência, nem mesmo quando foi impedido de disputar uma eleição praticamente ganha.
Só poderia duvidar disso quem não conhece o caráter deste sertanejo teimoso, que saiu dos fundões do nordeste num pau-de-arara, para se eleger primeiro presidente operário da nossa historia.
Para Lula, provar que a Justiça cometeu um crime ao condená-lo, com base em convicções, “provas indiretas” e matérias de jornal, era mais importante do que voltar a ser presidente.
As revelações feitas pelas reportagens do site The Intercept neste final de semana apenas confirmam o que Lula e seus advogados vinham falando desde o começo desta farsa judicial, e todo mundo já sabia, até o papa Francisco:
- O ex-juiz Sergio Moro e o procurador federal Dalton Dallagnol se uniram, não para acabar com a corrupção, mas para acabar com Lula, o PT, a soberania nacional e as grandes empresas do país, a serviço de interesses econômicos e políticos daqui e de fora, como Bolsonaro está deixando mais claro a cada dia.
- O principal objetivo foi alcançado: tirar Lula da campanha presidencial de 2018, mas a Operação Lava-Jato, que se achava acima das leis e da Constituição, com o apoio da mídia e do STF, deixou tantos rastros que agora todo o processo, como a própria eleição, podem ser anulados.
- Com Lula preso, está em andamento o processo de destruição das conquistas sociais e dos direitos dos trabalhadores, e a entrega do pré-sal e da Amazônia a empresas privadas.
- Os inacreditáveis diálogos entre Moro, Dallagnol e outros procuradores não deixam a menor dúvida desta armação, em que o ex-juiz foi ao mesmo tempo investigador e assistente da acusação, num processo contaminado desde o início, com o grampo nos telefones de Lula e Dilma, sem que as cortes superiores tomassem qualquer providência.
- Por não ter nenhuma ligação com a Petrobras, o alvo da Lava-Jato, o processo do triplex do Guarujá, em São Paulo, não poderia jamais ter ficado nas mãos de Moro em Curitiba.
Numa das conversas com Moro, Dallagnol digitou com todas as letras:
“Falarão que estamos acusando com base em notícia de jornal e indícios frágeis… então é um item que é bom que esteja bem amarrado. Fora esse item, até agora tenho receio da ligação entre Petrobras e enriquecimento, e depois que me falaram tô com receio também da história do apto… São pontos em que temos que ter as respostas ajustadas e na ponta da língua”.
Nova Política
Lula sempre disse que iria provar que Moro cometeu um crime ao condená-lo, com base em convicções, “provas indiretas” e matérias de jornal
Tranquilizado por Moro, quatro dias depois destes receios, Dallagnol apresentou o famoso PowerPoint para acusar o “esquema criminoso do PT”, que serviu para a condenação adrede preparada pelo ex-juiz, agora ministro da Justiça de Bolsonaro.
Em outro trecho da denúncia é reproduzida esta mensagem de Dallagonol, que não deixa dúvidas sobre as “provas” da acusação:
“Tesão demais esta matéria de O Globo de 2010. Vou dar um beijo em quem de vocês achou isso”
Ricardo Kotscho