“Me apavora saber que o filho do presidente contratou no seu gabinete a esposa e a mãe de um miliciano”. Com essas palavras o deputado federal reeleito, Jean Wyllys (Psol-RJ) anunciou na tarde desta quinta-feira (24) que não assumirá o mandato conquistado nas últimas eleições e que ficará fora do País.
As recentes denúncias de que familiares de um ex-policial militar suspeito de chefiar a milícia investigada pela morte da vereadora Marielle, trabalharam no gabinete do senador eleito Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) durante seu mandato como deputado estadual pelo Rio de Janeiro, levaram o deputado federal Jean Wyllys a tomar a decisão de renunciar ao terceiro mandato consecutivo pelo Psol do Rio de Janeiro.
Em reportagem à Folha de S. Paulo, o parlamentar afirmou que está fora do País e que não pretende voltar. “O presidente que sempre me difamou, que sempre me insultou de maneira aberta, que sempre utilizou de homofobia contra mim. Esse ambiente não é seguro para mim”, acrescentou.
Momentos após Jean Wyllys anunciar sua decisão, Jair Bolsonaro utilizou seu perfil no Twitter para comemorar o anúncio afirmando ser esse um “grande dia”.
Em novembro de 2018, Wyllys recebeu apoio da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), órgão ligado à Organização dos Estados Americanos (OEA), que cobrou do Estado brasileiro que assegurasse proteção ao deputado e à sua família. Por meio de medida cautelar, a comissão cobrou ainda que o governo investigasse episódios de “ameaças e difamação” que “aumentam a situação de vulnerabilidade” do parlamentar, ao “torná-lo alvo do ódio de setores da sociedade”.
“O Pepe Mujica [ex-presidente do Uruguai], quando soube que eu estava ameaçado de morte, falou para mim: ‘Rapaz, se cuide. Os mártires não são heróis’. E é isso: eu não quero me sacrificar”, contou ele ao jornal. Wyllys é o primeiro e único parlamentar assumidamente gay no Congresso brasileiro e virou alvo de ódio e fake news diárias por parte da direita.
Recentemente, Jean Wyllys venceu um processo por difamação contra o também eleito deputado federal, Alexandre Frota (PSL-SP), que o acusou nas redes sociais de defender a pedofilia.
Em seu lugar, deverá entrar o jornalista e vereador David Miranda, também do Psol e defensor da causa LGBT.
PT no Senado
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