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O professor Thomas Zicman e o senador Humberto Costa (PT) falam da visita do ex-presidente à Europa aos jornalistas Marcelo Auler e Lourdes Nassif

A viagem do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva à Europa foi tema da TV GGN 20 horas desta quarta-feira (17/11), quando o professor Thomas Zicman de Barros, residente em Paris, e o senador Humberto Costa (PT) conversaram com os jornalistas Marcelo Auler e Lourdes Nassif.

“A mídia corporativa tentou de toda maneira possível esconder esse sucesso dessa viagem do ex-presidente Lula. Hoje, teve que se curvar e toda a grande imprensa está dando a notícia dele com o Macron”, afirma Auler.

O senador Humberto Costa esteve ao lado do ex-presidente Lula na viagem à Bruxelas, em visita ao Parlamento Europeu – e lembrou que, em 2017, esteve no Parlamento Europeu reunido com a esquerda europeia.

“Havia, inclusive, muito ceticismo em relação ao que nós argumentávamos que era um processo de perseguição política. Que, na verdade, o que estavam querendo era destruir o PT e impedir que o presidente fosse candidato”, afirma Costa.

“Depois, em 2018, estivemos lá novamente (…) Fizemos a denúncia do que tinha acontecido e, em 2019, estivemos novamente. Desta vez com um desenho bem diferente, pois o The Intercept já tinha publicado aqueles vazamentos”, disse o senador.

Segundo Humberto Costa, as pessoas já estavam muito questionadoras do que era, de fato, essa operação Lava Jato. “Depois o presidente Lula foi preso, estivemos lá novamente mas a receptividade já era ainda maior”.

“Portanto, ir agora foi muito importante. O presidente primeiramente foi agradecer o apoio de toda a esquerda no Parlamento Europeu, e também falar um pouco sobre as perspectivas do Brasil”, ressalta Humberto Costa.

Repercussão na Europa

Segundo Costa, a receptividade pelos lugares onde passaram, incluindo a própria entrevista coletiva concedida pelo ex-presidente, foi algo muito importante.

“E eu creio que o que há hoje, no mundo, é uma ansiedade muito grande de todos aqueles que são defensores da democracia, das liberdades, da justiça social, por um retorno de Lula à Presidência da República”, diz Costa.

Na visão do senador, “eles sabem muito bem que a volta de Lula à Presidência é muito mais do que simplesmente o retorno de um presidente ao governo brasileiro, mas é uma esperança para o mundo dada a liderança que Lula tem particularmente na América Latina (…)”.

Sobre as eleições de 2022, Costa disse que “apesar de (Lula) não ter assumido ainda a sua candidatura, já existem dezenas de vices, dezenas de ministros da Economia”.

Contudo, o senador apontou um item importante: “uma coisa que ele (Lula) disse muito fortemente é que ele não vai botar economista no Ministério da Economia. Vai ser um político, e o político que forme uma boa equipe de economistas”.

“Ele (Lula), mais do que ninguém, sabe que o próximo governo dele terá que ser marcado por muitas decisões políticas, e por muitas decisões corajosas, e os economistas terminam ficando muito prisioneiros dessa questão de cumprir ajustes fiscais (…)”, afirma Costa.

“Ele acha que, hoje, a questão é muito mais política do que econômica. Essa foi uma questão”, ressalta o senador.

Todos queriam ver Lula, diz professor

Doutorando em Ciência Política pelo Institut d’Études Politiques de Paris – Sciences Po Paris, Thomas Zicman de Barros afirma que Lula “encontrou com todo mundo, principalmente com o Emmanuel Macron”

“Essa estadia dele na França foi realmente impressionante”, disse o professor.

“O que nós vemos – e olha que não é de hoje – é que, mesmo na perseguição do Lula, quando ele ficou preso e depois também da sua libertação, o Lula é uma unanimidade praticamente nos políticos que a gente pode dizer do campo democrático”, afirma Zicman.

O professor ressalta que “que todos recebem o ex-presidente quando ele vai à França, da centro-direita até a esquerda e a esquerda radical”.

“Nós vimos que nos últimos dois dias, por exemplo, ele (Lula) foi recebido pela prefeita de Paris, a Anne Hidalgo; hoje ele foi recebido pelo Jean-Luc Melanchon que é o líder da França Insubmissa, que é um partido de esquerda radical”.

“E foi recebido – talvez, o que mais nos impressionou ontem que ele anunciou no discurso que ele fez na Sciences Po, que hoje seria recebido pelo presidente Emmanuel Macron”, diz Zicman.”E isso nos surpreendeu porque foi, de fato, uma recepção digna de chefe de Estado”.

A partir dessa recepção, Zicman faz uma comparação sobre como o ex-presidente Lula é recebido e como o atual presidente, Jair Bolsonaro, é tratado.

“É muito curioso, se nós compararmos, a recepção que o Lula teve e o périplo europeu que o Lula tem tido nos últimos dias, com o que talvez o outro candidato à eleição de 2022, o atual presidente, tem feito no seu périplo pelo Oriente Médio”

“O Bolsonaro vai visitar países do Oriente Médio, que são importantes para a economia brasileira, claro – mas ele vai visitar esses países que não são democracias consolidadas, como as democracias europeias”, diz Zicman.

“E por que o Bolsonaro não vem para a Europa? Por que o Bolsonaro não vai para democracias consolidadas do Ocidente? A grande verdade é que o Bolsonaro não seria recebido”, afirma Thomas Zicman de Barros.

Ninguém receberia Bolsonaro, diz Zicman

Segundo Thomas Zicman, “o Bolsonaro não vem para a França porque o Macron não o receberia na França – mas ele recebe o Lula. Quando o Lula vem para a França, o Macron arruma um horário na agenda para receber o Lula no Palácio do Eliseu, que é o grande palácio presidencial francês”.

“Então, da mesma maneira como Bolsonaro não recebe – você pode ver que, em Brasília, nenhum líder global vai visitar o Bolsonaro, também quando ele viaja ninguém quer recebê-lo”, diz Zicman.

“O Lula mostra, nessa viagem pela Europa e principalmente aqui na França, como ele é um líder conciliador, que dialoga com todo mundo. Ele faz pontes com um presidente que acho de centro-direita até a centro-esquerda, esquerda, esquerda radical (…)”.

De acordo com Zicman, é possível fazer um paralelo entre as conversas de conciliação mantidas na Europa com o que Lula está tentando no Brasil – “que é essa frente democrática contra o Bolsonaro, contra o fascismo, contra esse governo fascistóide”, afirma Zicman.”Fica muito clara a diferença entre os dois lados”

A jornalista Elizabeth Carvalho, que mora em Paris assim como Zicman, acredita que a viagem de Lula à França “tem uma importância capital no sentido de ser uma viagem de resgate de um outro Brasil, imenso, sufocado desde o golpe de 2016”.

Veja mais do debate sobre a visita do ex-presidente Lula à Europa no vídeo abaixo. Clique e confira!

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