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Mourão chefia o CNAL, estrutura responsável por coordenar as ações de preservação no bioma, mas que passa por esvaziamento

Marianna Holanda

O vice-presidente e coordenador do CNAL (Conselho Nacional da Amazônia Legal), Hamilton Mourão, disse ser ele o culpado pelo fracasso do combate ao desmatamento no Brasil. Na última semana, dados do Prodes (Projeto de Monitoramento do Desmatamento na Amazônia Legal por Satélite), do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), mostraram novo recorde de desmate para o mês de outubro.

“Se você quer um culpado, sou eu. Não vou dizer que foi ministro A, ministro B ou ministro C. Eu não consegui fazer a coordenação e a integração da forma que ela funcionasse”, disse o vice-presidente a jornalistas, após a última reunião do CNAL de 2021, no Itamaraty, nesta terça-feira (23).

“Ela só foi funcionar na última fase da operação, quando a Sumaúma aconteceu e aí a turma acordou para a necessidade de conversar efetivamente uns com os outros, despirem seus preconceitos. Porque cada um tem seu preconceito, em relação ao outro, à forma do outro de trabalhar, e a partir daí houve sinergia dos trabalhos”, continuou.

Mourão chefia o Conselho da Amazônia, estrutura responsável por coordenar as ações de preservação no bioma, mas que passa por um processo de esvaziamento. Não estiveram presentes no encontro os ministros Joaquim Leite (Meio Ambiente) e Anderson Torres (Justiça), que hoje coordenam a principais medidas de combate ao desmatamento, desde que a atuação dos militares na região não foi prorrogada em outubro.

Mourão disse que Leite é “a cara do combate ao desmatamento”, mas minimizou as ausências, alegando que estariam presentes os responsáveis técnicos por coordenar as ações nos ministérios. A militarização do combate a ilícitos ambientais durou 16 dos 34 meses do governo Bolsonaro, custou R$ 550 milhões aos cofres públicos e não derrubou os índices de desmatamento da Amazônia, conforme o jornal Folha de S.Paulo mostrou em reportagem publicada no dia 24 de outubro.

Ao todo, foram três GLOs, cujos decretos presidenciais deram amparo legal a três operações de intervenção militar: Verde Brasil, Verde Brasil 2 e Samaúma. O vice-presidente chegou a anunciar a prorrogação desta última, o que não ocorreu.

As declarações nesta terça-feira de Mourão ocorrem depois de três ações das Forças Armadas na região e de o crime ambiental continuar em índices alarmantes, a despeito disso. Dados do Prodes mostram que houve um recorde de desmatamento no mês de outubro, com aumento de 22% em relação ao ano anterior.

Conforme também a Folha de S.Paulo publicou, o Inpe concluiu os dados em 27 de outubro e inseriu o relatório no sistema eletrônico de informações do governo federal no mesmo dia, mas a disponibilização só foi feita nesta quinta, período posterior à COP26, conferência da ONU sobre mudanças climáticas ocorreu em Glasgow, na Escócia, entre os dias 31 de outubro e 13 de novembro.

O vice-presidente disse ainda que dos 13.235 km2 entre agosto de 2020 e julho de 2021 (índice mais elevado desde 2006), cerca de 60% corresponde a desmatamento ilegal. A informação não foi divulgada por ministérios ou órgãos de fiscalização. “Em torno de 8.100 km2 definitivamente considerados ilegais e os outros, como foram realizados em áreas privadas, onde havia autorização para supressão para a vegetação são considerados desmatamento legal”, disse o vice-presidente Ele reconheceu, contudo, que a área de desmatamento ilegal é “troço pra chuchu”.

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