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A Executiva do PT reuniu após o pleito, adotou uma nota (resumo abaixo), mas adiou o balanço de fundo para o Diretório dia 30 de novembro-uma comissão preparará um projeto.

A nota da CEN denuncia as condi­ções da eleição da qual Lula foi ali­jado, exige investigar “ocorrências”, e chama a resistir à pauta reacionária de Bolsonaro, começando pela Pre­vidência, assim como a reforçar a campanha Lula Livre.

Haddad, que participou de parte da reunião, ressaltou “a força social do PT”, exaltou a “nova militância jovem” e avaliou que “a facada confundiu quem é antissistema”; aplaudido ao pedir desculpas pelos erros, concluiu “vamos organizar a resistência”.

No debate apareceram diferencia­ções e tensão sobre a responsabilidade pela relativa derrota.

Certos dirigentes propunham uma “Frente Democrática”, alguns a “Frente Antifascista” – como se já não tivessem fracassado no 2º turno – tentando replicar alianças dos governadores do Nordeste para além do PSB, com PP, PSD, PMDB e o próprio PDT de Ciro que não veio (vieram personalidades democráticas).

Para esses dirigentes, não era a for­ça eleitoral do “legado de Lula” (progra­mas sociais) no Nordeste, o que explica a adesão de oligarquias ao candidato de Lula. Seria o espírito de isolamento que afastou o PT no Sul-Sudeste de aliados naturais, e prejudicou. Eles já esqueceram as conciliações dos 13 anos e que Levy no segundo mandato de Dilma atacou direitos sociais com impacto nos seto­res organizados do Sudeste (aliás, no 1o turno, Haddad perdeu nas Capitais do Nordeste).

Há outro setor de dirigentes que recorda os problemas dos governos Lula-Dilma, mas para reconectar com a base petista e as periferias, quer “superar” o PT por frentes, a etérea “nova militância”, joga fora a criança com a água suja.

O desnorteio inicial nas duas verten­tes aparece no culto às instituições da Constituição de 1988, como se fossem defender o povo e suas organizações do autoritarismo de Bolsonaro (mal­-chamado “fascista”).

A verdade é que a base tem que entrar no debate e resga­tar o espírito do 6º Congresso.

João Alfredo Luna

“O ESGOTO É PARTE DO EDIFÍCIO INSTITUCIONAL”

Intervenção de Markus Sokol na CEN (trecho)

Digo aqui, o que disse a ele, a fala de Haddad foi melhor do que na noite do 2º turno, talvez pela pista que ele deu de ter mais tempo de refletir. E, sim, vamos organizar a resistência.

Esta não foi uma eleição normal para nada, não vou repetir os fatos, mas qualificar. Por isso, é tão importante que, no desmoronamento dos partidos tradicionais, o PT fique de pé.

Mas as instituições estão podres, não vão nos salvar!

Foi dos seus subterrâneos, do esgoto das instituições, que saiu Bolsonaro, do porão da Ditadura. Porque não foi feita a limpeza democrática, a Constituição deixou os militares impunes, a representação corrupta e a iniquidade social. E o esgoto faz parte do edifício.

Até a hora que decidiu agir, com apoio institucional, do capital, e apoio externo, contra o PT, tirando Lula.

Agora, temos que organizar a resistência até travar Bolsonaro. Qualquer frente pela democracia tem que ser, estou de acordo, também pelos direitos sociais.

A 1ª tarefa é combater a reforma da Previdência este ano, mesmo se for um balão de ensaio, pois isso permite reconectar com a periferia. E agir junto com os sindicatos, de forma organizada.

A 2ª tarefa é a campanha Lula Livre. Uma questão humanitária, a injustiça que não podemos ser indiferentes. Mas é também o meio de combater o antipetismo criado nestes anos. A libertação de Lula é a liberação da alternativa que o PT expressa.

POR UMA FRENTE DE RESISTÊNCIA PELA DEMOCRACIA E PELOS DIREITOS DO POVO

A candidatura de Haddad e Manuela, representantes da democracia e do projeto de desenvolvimento com inclusão social inaugurado no governo do ex-presidente Lula, recebeu a votação de mais de 47 milhões de eleitores. Elegemos a maior bancada na Câmara dos Deputados e uma das maiores representações nas Assembleias Legislativas, quatro governadores do PT e muitos de partidos aliados.

(…)

O processo eleitoral foi marcado, desde o início, pela violência e pelo ódio, a começar pela cassação da candidatura do ex-presidente Lula. A cúpula do Judiciário ignorou uma determinação da ONU sobre o direito de Lula ser candidato. E foi incapaz de conter a indústria de mentiras nas redes sociais financiadas pelo caixa 2 de Jair Bolsonaro. A Justiça Eleitoral e o STF têm o dever de investigar as ocorrências denunciadas na campanha de Jair Bolsonaro.

O PT e Haddad continuarão ao lado dos trabalhadores, do povo sofrido, da soberania do Brasil e da democracia, como sempre esteve há quase 40 anos. Vamos resistir à reforma da Previdência que Temer e Bolsonaro querem fazer, contra os aposentados e os trabalhadores. Resistir à entrega do patrimônio nacional, das empresas estratégicas, das riquezas naturais do Brasil aos interesses estrangeiros. Vamos resistir à submissão do país aos Estados Unidos. Nunca beijaremos a bandeira dos Estados Unidos como fez Bolsonaro.(…)

Vamos reforçar a campanha Lula Livre no Brasil e no exterior, não só para fazer justiça a quem foi condenado e preso arbitrariamente, mas porque simboliza a defesa da liberdade, da democracia e dos direitos humanos.

Convocamos os diretórios a se integrar com os movimentos sociais, a Frente Brasil Popular e a Frente Povo Sem Medo, organizando plenárias de articulação da resistência.

A eleição de um aventureiro fascista é fruto de uma campanha de ódio e de mentiras, que nos últimos anos manipulou o desespero e a insegurança da população.

30/10/ 2018, Comissão Executiva Nacional do PT