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Ex-presidente Lula, mantido como preso político em Curitiba, enviou uma carta ao encontro da juventude reunida na Conferência do Partido Trabalhista do Reino Unido, na qual afirma que “a luta dos trabalhadores é a mesma no mundo inteiro”. Lula foi aclamado presidente de honra da juventude do partido

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mantido como preso político em Curitiba, enviou uma carta à Conferência do Partido Trabalhista do Reino Unido. No texto, lido durante o encontro da juventude do partido, do qual foi nomeado presidente de honra, Lula destaca que “a luta dos trabalhadores é a mesma no mundo inteiro” e alerta para os riscos da “ascensão da extrema-direita”.

“A elite que havia governado o Brasil ao longo de cinco séculos fez de mim um preso político, e me impediu de disputar as eleições de 2018, contrariando a Constituição Brasileira e desrespeitando resolução do Comitê de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas”, diz Lula na carta.

No documento, ele fala ainda sobre as razões do golpe que resultou no afastamento da presidente deposta Dilma Rousseff, das queimadas na da Amazônia e do aumento da escalada da violência policial no governo Jair Bolsonaro.

“Tudo isso me causa imensa dor, mas não me faz desistir. Um dia a justiça será restabelecida, e sairei da prisão ainda mais disposto a lutar pelo sonho de todos nós, jovens de todas as idades: a construção de um mundo melhor”, afirma.

Leia a íntegra da carta. 

“Aos 73 anos de vida, 50 dos quais dedicados à luta contra as desigualdades, sinto-me ainda mais jovem com minha nomeação para a presidência de honra da Young Labour. Essa homenagem prova, antes de tudo, que só é velho quem abandona seus sonhos de juventude, e eu jamais abandonarei os meus. E prova também que as injustiças estão em qualquer parte, e que a luta dos trabalhadores é a mesma no mundo inteiro.

“Austeridade” é a palavra mágica e maldita que os ricos de qualquer lugar do planeta usam para roubar direitos e conquistas da classe trabalhadora. “Precisamos economizar, cortar gastos”, eles dizem, enquanto desmontam o Estado e ficam cada vez mais ricos, e os pobres cada vez mais pobres. É assim no Reino Unido, é assim novamente no Brasil desde o golpe contra a presidenta Dilma Rousseff e a posterior eleição de um governo de extrema-direita.

Fui líder sindical, ajudei a fundar o Partido dos Trabalhadores (PT), tive a honra de ser eleito e reeleito presidente do meu país. Nunca antes um operário havia chegado à Presidência do Brasil. Por isso eu precisava provar que a classe trabalhadora é capaz de governar, e precisava provar também que governar para todos, mas cuidando com mais carinho dos mais necessitados, será sempre o melhor caminho para a construção de um país mais desenvolvido e mais justo.

Foi assim que geramos, meu governo e o da presidenta Dilma Rousseff, mais de 21 milhões de empregos. Garantimos o aumento real de 70% do salário mínimo. Criamos mais universidades públicas que qualquer governo antes de nós. Dobramos o número de jovens no ensino superior. Construímos moradias populares para cerca de 3 milhões de famílias. Retiramos 30 milhões de pessoas da extrema pobreza. Impedimos a devastação da Amazônia. Tiramos pela primeira vez o Brasil do Mapa Mundial da Fome.

Foi por isso que a presidenta Dilma Rousseff sofreu o golpe de 2016, e é por isso que estou preso há mais de 500 dias, sem nenhuma prova de qualquer crime cometido. A elite que havia governado o Brasil ao longo de cinco séculos fez de mim um preso político, e me impediu de disputar as eleições de 2018, contrariando a Constituição Brasileira e desrespeitando resolução do Comitê de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas.

As consequências da ascensão da extrema-direita no Brasil são sentidas na carne pelo nosso povo, e também traduzidas para o mundo inteiro através das imagens da Amazônia em chamas e de helicópteros da Polícia atirando contra as comunidades mais pobres no Rio de Janeiro.

Tudo isso me causa imensa dor, mas não me faz desistir. Um dia a justiça será restabelecida, e sairei da prisão ainda mais disposto a lutar pelo sonho de todos nós, jovens de todas as idades: a construção de um mundo melhor.

Muito obrigado, e até breve.

Luiz Inácio Lula da Silva
(presidente de honra da Young Labour)”