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Pela primeira vez na História do Brasil, tendo em vista a ofensiva do governo federal contra os direitos dos servidores públicos, foram organizados fóruns estaduais para coordenar as ações de funcionários públicos federais, estaduais e municipais — informa David Lobão, do Fórum das Entidades Nacionais dos Servidores Públicos (Fonasefe) e Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica, Profissional e Tecnológica (Sinasefe).

O trabalho está no início, mas pretende acabar com a divisão que sempre existiu, com os servidores municipais e estaduais acreditando sempre que estariam a salvo de medidas tomadas a partir Palácio do Planalto.

Com isso, diz Lobão, a pretensão de longo prazo é colocar os 12 milhões de servidores do Brasil para trabalhar contra a reeleição de Jair Bolsonaro, em 2022.

Mas, há uma tarefa mais urgente: derrotar a reforma administrativa.

Lobão afirma que a primeira greve da categoria teve um resultado bem aquém do esperado, especialmente por causa da pandemia.

Mas, diz ele, foi apenas o apito inicial da partida.

Os dois tempos do jogo serão jogados na Câmara e no Senado em setembro.

Por isso, as centrais sindicais e várias entidades representativas do funcionalismo contrataram empresas para denunciar nas redes sociais a demolição das carreiras públicas, com o fim dos concursos e a possibilidade de que os gestores contratem servidores em várias modalidades precarizadas.

O argumento principal é que o funcionalismo será colocado diretamente a serviço dos políticos — e não vice-versa.

Um prefeito, em tese, poderá contratar um apaniguado para um cargo encarregado de fiscalizá-lo.

Poderá pagar dívidas de campanha em empregos.

A reforma administrativa do governo Bolsonaro foi modelada para agradar ao Centrão, que controla milhares de prefeituras e cargos de vereadores nos mais de 5 mil municípios brasileiros, sem contar os estados e o governo federal.

Como se isso não bastasse, as prefeituras serão imensos balcões de negócios, já que os prefeitos poderão terceirizar praticamente à vontade, com um detalhe sórdido: as organizações sociais, que são empresas supostamente sem fins lucrativos, poderão assumir prédios públicos como se fossem delas.

Muitas OSs no Brasil são controladas por empresas com fins lucrativos, ou seja, acabarão se transformando em biombos para a transferência de patrimônio público.


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Na entrevista ao Viomundo, David Lobão faz um balanço das mobilizações recentes e diz que o golpe de 2016 e a eleição de Jair Bolsonaro, combinadas, foram o maior ataque aos direitos previstos na Constituição de 1988 desde que ela foi promulgada.

O resumo das relações do bolsonarismo com os sindicalistas foi declaração de um integrante da Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica – SETEC, órgão ligado ao Ministério da Educação, que explicou: “Nosso governo não é trabalhista. Dialogamos com o setor produtivo”.

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