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Técnicos do Ministério da Saúde alertaram o ministro-general da Saúde em maio que, sem o isolamento social, a população brasileira sentirá os efeitos da pandemia por até dois anos. Alerta foi ignorado

247 – Técnicos do Ministério da Saúde alertaram o ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello em maios que, sem o isolamento social, a população brasileira sentirá os efeitos da pandemia por até dois anos. De acordo com os técnicos, “todas as pesquisas” levam a crer que o distanciamento é “favorável” até mesmo para o retorno da economia mais rápido. As conclusões foram apresentadas em reunião a portas fechadas no fim de maio e foram ignoradas. 

O Brasil ocupa o segundo lugar no ranking mundial de confirmações (2,2 milhões) e mortes (82 mil) provocadas pela doença, perdendo apenas para os Estados Unidos (4,1 milhões de casos e 146 mil). 

O centro de acompanhamento de epidemias do Imperial College fez alguns cálculos apontando que o Brasil ainda está sem controle da transmissão de coronavírus. Pela 13ª semana seguida, a taxa de contágio (Rt) no País está acima de 1, o que significa aumento da velocidade de infecção. 

A discussão sobre os impactos da falta de isolamento foi registrada em ata de reunião do Comitê de Operações de Emergência (COE) do ministério. “Sem intervenção, esgotamos UTIs, os picos vão aumentar descontroladamente, levando insegurança à população que vai se recolher mesmo com tudo funcionando, o que geraria um desgaste maior ou igual ao isolamento na economia”, afirmam técnicos da pasta. 

“Sem isolamento, um tempo muito grande de 1 a 2 anos para controlarmos a situação” informa a ata de reunião ocorrida em 25 de maio no 3.º andar do Ministério da Saúde. O teor do documento foi publicado em reportagem do jornal O Estado de S.Paulo

De acordo com Paulo Lotufo, professor de epidemiologia da USP, criou-se uma corrente de negacionismo sobre a pandemia no Brasil. “Tenho a impressão de que a coisa no Ministério da Saúde é totalmente no estilo militar. Esse tipo de conselho (o COE), não dão a mínima importância”, criticou. 

O Ministério da Saúde afirmou que o resultado da reunião do COE foi a publicação de portaria, em 19 de junho, que estabelece “orientações gerais” para a prevenção, controle e mitigação do coronavírus. O texto traz recomendações sobre distanciamento social, higienização de ambientes e uso de equipamentos de proteção individual. Também orienta a elaboração de “plano de ação para a retomada” por todos os setores da economia.

A pasta não informou a relação completa dos participantes da reunião do COE nem explicou os pontos levantados na ata.

O negacionismo da pandemia tem sido uma das principais marcas de Jair Bolsonaro, que, no dia 7 de julho, afirmou estar infectado pelo coronavírus. Em coletiva de imprensa naquele dia, ele disse que os mais jovens não precisam entrar em “pânico” por causa da pandemia – apenas os mais idosos devem se preocupar mais, na avaliação dele.

Em junho, Bolsonaro afirmou que “talvez tenha havido um pouco de exagero” na maneira como a pandemia foi tratada. Também chegou a classificá-la como uma “gripezinha”, em março, e perguntou “e daí?” ao ser questionado sobre os cinco mil mortos pela doença, em abril. 

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