youtube facebook instagram twitter

Conheça nossas redes sociais

O ministro Roberto Barroso, do Supremo, é mais um a confirmar o que todo mundo sabe, inclusive os protagonistas de diálogos impertinentes — além de eivados de ilegalidades: as conversas reveladas pelo site “The Intercept Brasil”, em parceria com outros veículos, são verdadeiras. Essa é a notícia.

coluna de Mônica Bergamo:

RODA GIGANTE

O jantar que o ministro Luís Roberto Barroso ofereceu em Brasília, em 2016, e que teve Sergio Moro e Deltan Dallagnol entre os convidados, não teve nada de secreto —outras 23 pessoas compareceram ao evento.

BEM-VINDA O jantar não era para eles, e sim para a professora Susan Ackerman, da Universidade Yale, que visitava Brasília para um seminário no UniCeub sobre corrupção.

NA RODA – “Fiz uma pequena recepção em torno dela em minha casa, para a qual foram convidados alguns professores e expositores do seminário”, diz Barroso. Entre eles estavam Moro e Dallagnol.

SEM ALARDE – Na semana passada, diálogos do arquivo obtido pelo site The Intercept Brasil mostravam Barroso pedindo “máxima discrição” aos dois ao convidá-los para o jantar.

SEM ALARDE 2 – “Era apenas algo privado e reservado aos participantes do seminário”, afirma Barroso. “Ninguém lá falou de Operação Lava Jato.”

LUZ – Com a repercussão da publicação dos diálogos, o ministro decidiu esclarecer o assunto, publicando um texto também em seu blog.

RETOMO

Vai ver as pessoas só foram informadas de que se tratava de uma homenagem à professora Susan Ackerman quando chegaram à casa do ministro, não é mesmo? “Surpresa!” E todos cantaram: “A Susan é boa companheira, a Susan é boa companheiraaaaaa….”

Como se vê, não há nenhuma referência a respeito. Susan está listada apenas como uma das pessoas que gozarão da honra de experimentar os acepipes de Barroso.

O BLOGUEIRÃO

Eu sou, segundo Dallagnol, “jurista”, com aspas, e blogueiro também. Sem aspas. Nas duas coisas, empato com Barroso, que tem uma página na Internet com uma aba destinada a seu blog. Depois do fenômeno das blogueirinhas da autoajuda, agora há o do “blogueirão da toga”, para bem mais de 25 talheres…

Além das notas na coluna de Bergamo, Barroso escreve um post em seu blogão:

“Em 9 de agosto de 2016, a Professora Susan Ackerman esteve no Brasil, a convite de uma instituição acadêmica de São Paulo, para ministrar um seminário, em conjunto com outros expositores. Susan é esposa de Bruce Ackerman, que foi meu professor em Yale e é meu amigo há 30 anos. Convidei-a a dar o mesmo seminário em Brasília, intitulado “Democracia, corrupção e justiça: diálogos para um país melhor”. Na véspera do evento, fiz um coquetel em minha casa em torno dela, para o qual foram convidados todos os participantes do seminário e alguns professores, num total de cerca de 25 pessoas.

O evento foi divulgado aqui em post de 10 de agosto de 2016: Democracia, corrupção e justiça.”

O post evidencia que o ministro é muito bem-relacionado, que é uma pessoa influente e que é também capaz de empregar as palavras em sentido muito particular. Na coluna de Mônica, o jantar “era para a professora”; no seu post, tratava-se de cum coquetel “em torno dela”.

Um coquetel “em torno de alguém” deve ser aquele inferno em que o pobre homenageado não consegue respirar direito porque há sempre pessoas ao redor, como na música “Café da Manhã”, de Roberto: “Eu quero amanhecer ao seu redor…”

Ah, sim, reiterando: no seminário intitulado “Democracia, corrupção e justiça: diálogos para um país melhor”, em que Dallagnol abusou de seu bom humor supostamente juvenil, havia o “juiz de acusação” da primeira instância (Moro), o acusador (Dallagnol) e o “juiz de acusação” da terceira instância: o próprio Barroso. Falha grave: esqueceram de convidar o “juiz de acusação” da segunda instância: João Pedro Gebran Neto.

Só não havia um representante da defesa.

Dava para saber onde estavam a “corrupção” — no caso, a de valores. Só não é possível encontrar a democracia e a justiça.

De todo modo, que fique claro: Barroso é mais um a asseverar o que é óbvio: a autenticidade dos diálogos.

Por Reinaldo Azevedo