Nessa terça (18), um estudo divulgado pelo Instituto de Pesquisa Aplicada (Ipea) com dados coletados pelo IBGE, mostrou números alarmantes e reveladores de uma tragédia social no país. O número de desempregados há mais de dois anos avançou em 42,4% em quatro anos, atingindo no momento cerca de 3,3 milhões de pessoas. No total, o número de desempregados chega a um patamar criminoso de 12,5% no trimestre encerrado em abril, atingindo 13,2 milhões de brasileiros.
Entre os desempregados, os setores mais afetados são as mulheres e os jovens trabalhadores. Do total, 28,8% delas estão na condição de não terem um emprego há mais de dois anos, contra 20,3% dos homens na mesma situação. Na análise por faixa etária, 27,3% dos desempregados com mais de 40 anos não conseguem arranjar um emprego há mais de dois anos, apesar do crescimento dessa condição de desocupação num longo prazo ser mais forte entre a juventude. As regiões Norte e Nordeste são as mais afetadas por esta calamidade social.
Por sua vez, os contratos de trabalho intermitente (temporário) e de jornada parcial (seis horas em média de trabalho na semana com salários reduzidos) totalizaram 15,5% do total de empregos com carteira assinada gerados a partir do estabelecimento da reforma trabalhista do governo Temer (MDB) de 2017. O prometido crescimento de empregos pelo então presidente golpista foi pífio sob esse regime de trabalho, e geralmente se encontram em setores específicos da economia, como em serviços e comércio. Mesmo nesse caso precário, os homens foram os mais contratados pelas vagas intermitentes (63,6%), enquanto as mulheres foram registradas como maioria nas ocupações de tipo parcial (60,7%).
No entanto, o estudo do Ipea, de forma cínica e pró-patronal, conclui que essa taxa deva cair em 2020 devido à aprovação da reforma da previdência, que, em tese e na cabeça editorial da grande mídia, condicionaria uma retomada dos investimentos empresariais na produção e assim aumentar o nível de emprego, como se não bastasse aos olhos da análise empírica o fracasso da reforma trabalhista desde a sua aprovação, o que dizer da reforma previdenciária…
Nosso futuro não se negocia
A bem da verdade, os ataques neoliberais e a precarização do trabalho foram levados a cabo pelos governos petistas, resultando no aumento da terceirização, na flexibilização da jornada sem aumento salarial através do “Plano de Proteção ao Emprego”, programa de proteção aos lucros empresariais defendido pela CUT, e na concessão e privatização de setores da economia para as empresas privadas. Porém, esses ataques pró-patronais recrudesceram e foram aprofundados pelo golpe de 2016, na prisão de Lula e tendo sua expressão máxima na manipulação das eleições presidenciais do ano passado, dando a vitória a Jair Bolsonaro (PSL) de forma fraudulenta. Os índices alarmantes do nível de desemprego no país nada mais são do que reflexo da ação dos golpistas contra os direitos históricos dos trabalhadores e da população mais pobre, descarregando sobre estes as “faturas” da crise que eles mesmos criaram, afetando, sobretudo os mais jovens e as mulheres da classe trabalhadora.
Portanto, acreditar que Bolsonaro irá resolver a situação do desemprego, assim como foi um dia Michel Temer, é uma verdadeira falácia. Ele é o peão utilizado pelo empresariado, bancos, ruralistas, militares, grande mídia e Judiciário para passar as reformas estruturais e pró-patronais no Brasil, programa que mantém Bolsonaro no poder apesar das críticas desses mesmos aliados à sua forma autoritária de querer governar.
Para que possamos vencer os ataques neoliberais, não podemos separar a luta econômica da batalha política. Contra os ajustes nos serviços públicos, aos cortes na educação e às reformas patronais que virão é preciso que se levante um programa político para que os capitalistas paguem pela crise. O governo quer uma nova “geração perdida”, esmagada pelo desemprego e pela precarização do trabalho (como nos serviços de aplicativo Rappi, iFood, etc.). Contra a reforma da previdência, exigimos o não pagamento da fraudulenta dívida pública e a redução da jornada de trabalho sem redução salarial para atacar no fundo o flagelo do desemprego e a precarização do trabalho na juventude.
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