‘Minha vista embaça toda vez que mexo com o fogo’, diz Jurani. Com crise e alta do gás, número de lares nessa situação soma 14 milhões, salto de 27% em dois anos
— Minha vista embaça e dói toda vez que mexo com o fogo. Mas não tem para onde correr, pois não tenho como comprar um fogão novo — lamenta Jurani.
São 14 milhões de lares preparando alimentos dessa forma, um aumento de 27% ou de três milhões de domicílios entre 2016 e 2018. No Sudeste, a expansão foi maior, de 60%.
A crise econômica prolongada e os aumentos do desemprego e do preço do botijão de gás explicam esse salto. Entre 2016 e 2018, período contemplado pelo levantamento, o gás de cozinha acumulou alta de 24% e a taxa média de desemprego passou de 11,5% para 12,3%. (Veja abaixo dicas de como economizar gás de cozinha)
— É um sinal claro de empobrecimento da população — resume Luis Henrique da Silva de Paiva, cientista social do Ipea.
Alguns metros abaixo da casa de Jurani, Patrícia Aguiar, de 24 anos, cata gravetos secos e pedaços de plástico no chão do quintal, com a filha de 1 ano no colo. O que poderia ser considerado lixo é amontoado e forma uma pequena fogueira, que é acesa com fósforos cedidos pelo vizinho. Sobre o fogo, a jovem equilibra uma grelha e uma panela, onde cozinha o último punhado de arroz do armário.
Desempregada, como o marido, viu seu último botijão de gás, doado pela sogra, acabar no mês passado. Até algumas semanas atrás, usava fogão à lenha, mas o vendeu por R$10 para comprar comida para os três filhos.
— Do que adiantava ter o fogão sem ter o que cozinhar? — questiona Patrícia.
O Nordeste concentra 35% ou 4,8 milhões dos lares que fazem uso de lenha ou carvão. No Sudeste, onde o salto foi o maior entre todas as regiões, no ano passado havia 2,9 milhões de famílias preparando alimentos dessa forma.
— O que estamos vendo é o resultado prático de uma crise econômica prolongada, que leva as famílias a buscarem toda e qualquer forma de economia — observa Renato Meirelles, presidente do Instituto de Pesquisa Locomotiva.
Segundo ele, o dado está diretamente ligado ao aumento da parcela da população que vive em condições de extrema pobreza, pois a crise foi mais severa com os mais pobres:
— A crise veio e, com ela, uma redução da rede de proteção social e a contração da economia, que levou o salário mínimo a ficar sem aumento real.
Números da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad) mostram aumentou do número de famílias que usam a lenha ou carvão para cozinhar. Juranir Nobre Mange, que mora na comunidade Vale dos Eucalíptos, cozinha no fogão a lenha enquanto um dos seis netos dorme no quarto. Falta dinheiro para comprar botijão de gás Foto: Márcia Foletto / Agência O Globo
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