Período de fuga de montadoras do governo anterior, culminando na saída da Ford em 2021, foi substituído por novo ciclo de expansão automotiva com foco na transição energética
O presidente da Honda para a América do Sul, Arata Ichinose, o presidente Lula, e o vice, Geraldo Alckmin, no Palácio do Planalto
Em abril de 2021, um dado assustador de uma fase trágica da economia brasileira foi revelado pelo jornal O Globo: desde 2018, a cada três meses, uma multinacional anunciava desistência do mercado brasileiro.
A fuga recorde de empresas tinha o nome e sobrenome do ex-presidente e sua desastrosa gestão que culminou com a partida mais impactante: a montadora Ford, instalada no Brasil há mais de 100 anos. Com crescimento econômico pífio, redução do poder de consumo da população e má gestão, o Brasil chegou à triste posição de antepenúltimo emergente em ranking de vulnerabilidade macroeconômica segundo a consultoria MB Associados.
Exatamente três anos depois e em apenas 15 meses de governo Lula, o Brasil registra expressivos investimentos do setor automotivo, com R$ 4,2 bilhões anunciados pela Honda na última sexta-feira (19). De volta ao país, os aportes da Honda se somam aos R$ 125 bilhões em investimentos que as montadoras farão no país, “o maior ciclo de investimentos do setor”, conforme divulgou a Associação Nacional de Fabricantes de Veículos Automotivos (Anfavea) dia 13 de abril.
O presidente da Honda no Brasil, Arata Ichinose, comunicou ao presidente Lula na última sexta-feira (19), em audiência no Palácio do Planalto, que os investimentos da empresa que vão gerar 1.700 novos empregos diretos e mais de 3.500 indiretos em sua fábrica de Itirapina (SP), com foco em tecnologia para veículos híbridos a etanol e na produção de suprimentos para esses modelos.
O bom ambiente de investimentos que torna o Brasil altamente atrativo é fruto da atuação do governo federal que garante estabilidade jurídica, econômica e social, além da reforma tributária, a prioridade dada à transição energética e o potencial do país nessa área, junto com os esforços para a reindustrialização.
“Este país pode se transformar numa grande potência econômica”, anunciou Lula no evento da Anfavea, quando ressaltou a volta da confiança das montadoras no Brasil. Só em 2024 o total de investimentos atinge mais de R$ 50 bilhões: Volkswagen (R$ 16 bi), GM (R$ 7 bi), BYD (R$ 3 bi), GWM (R$ 10 bi), Renault (R$ 5,1 bi), CAOA (R$ 4,5 bi), Nissan (R$ 2,8 bilhões) e Hyundai (R$ 5,4 bilhões).
O programa Mobilidade Verde (Mover), que promove a expansão de investimentos em eficiência energética, inclui limites mínimos de reciclagem na fabricação dos veículos e cobra menos impostos de quem polui menos, criando o IPI Verde, atraiu até agora 11 montadoras com os seguintes investimentos:
Stellantis – R$ 30 bilhões (2025/2030), Volkswagen – R$ 16 bilhões (2022/2028); Toyota – R$ 11 bilhões (2024/2030); GWM – R$ 10 bilhões (2023/2032); General Motors – R$ 17 bilhões (2021/2028); Hyundai – R$ 5,45 bilhões (até 2032); Renault – R$ 5,1 bilhões (2021/2027); CAOA – R$ 4,5 bilhões (2021/2028); BYD – R$ 5,5 bilhões (2024/2030); Nissan – R$ 2,8 bilhões (2023/2025) e BMW – R$ 500 milhões.
Programa Mover atraiu a Honda
Na audiência com o Lula, o presidente da Honda, Arata Ichinose, lembrou que a empresa começou as operações no país há mais de 50 anos, tem fábrica de motocicletas em Manaus, já fabricou mais de 30 milhões de unidades, tem produção de veículos em Sumaré e Itirapina (SP) e parque eólico em Xangri-La (RS), além de escritório em São Paulo. Apenas no setor automotivo, a empresa tem estoque de investimentos de R$ 9 bilhões.
A Honda deve lançar em 2025 um novo modelo híbrido-flex de SUV, de acordo com Ichinose. Os investimentos anunciados pela empresa, informou ele, são motivados pelo programa de Mobilidade Verde e Inovação (Mover).
Arata Ichinose informou que a empresa assumiu o compromisso de completar sua transição para energias renováveis até 2050 e vê na tecnologia do etanol um fator de convergência com sua política de descarbonização.
Ao dar boas-vindas aos novos investimentos, Lula destacou a necessidade da oferecer modelos de custo mais baixo, que possam atender o grande mercado potencial formado pela classe média brasileira e também para exportação de veículos para países da América Latina, como enfatizou em sua recente visita à Colômbia para promover a integração regional.
“A transição energética é uma oportunidade extraordinária que temos no Brasil e a Honda vai contribuir para isso”, afirmou Lula que assinou junto com Alckmin uma placa comemorativa do novo ciclo de investimentos da Honda no Brasil.
Credibilidade de volta
“Novo ciclo de investimentos da Honda no Brasil”, postou o presidente Lula em suas redes com foto ao lado do vice-presidente Geraldo Alckmin e do vice-presidente comercial da Honda Automóveis do Brasil, Roberto Akiyama.
“O Governo Lula nos proporcionou ótimas notícias nos últimos dias! Esses resultados não são por acaso. A reconstrução da credibilidade brasileira no exterior que Lula tanto trabalha para garantir está dando frutos. Com o crescimento da indústria brasileira e aumento nas ofertas de trabalho, a qualidade de vida do povo só tem a melhorar. Esse é o projeto do Partido dos Trabalhadores!”, comemorou a presidenta do PT, deputada federal Gleisi Hoffmann.
Ela classificou o anúncio da Honda como um novo marco na indústria automotiva e se soma a outros muito investimentos que estão de volta ao Brasil com as oportunidades e estabilidade oferecidas pelo governo do PT.
“Para fechar com chave de ouro, a CNI divulgou pesquisa indicando que a produção industrial brasileira retomou o crescimento em março e que a geração de empregos do setor segue em alta”, informou Gleisi.
O resultado concreto é que o Brasil já desponta como grande concorrente a ocupar o posto de 8ª economia do mundo. Fica no passado a vergonhosa 13ª posição para a qual o país foi empurrado no governo Bolsonaro.
Lula reacende o ânimo das montadoras
O site G1 publicou matéria dia 13 de abril sobre o período desde a saída da Ford do Brasil em 2021 ao recorde atual de investimentos.
“O que reacendeu o ânimo das montadoras no Brasil”, aponta, ao responder que “o sentimento positivo do setor vem na esteira da melhora no cenário de crédito e da cadeia de fornecimento, além de incentivos mais claros à indústria e perspectivas mais positivas para a economia”.
O site ouviu especialistas e assinalou que entidades do setor “acreditam em um bom impulso no mercado graças à melhora na perspectiva de crédito, com a queda de juros desde agosto passado”.
O país, diz o G1, está em um processo de estabilidade econômica, com um “panorama muito melhor para o segundo semestre”, o que tem gerado mais confiança para as montadoras.
“Na gestão passada, tínhamos um presidente [Jair Bolsonaro] que fazia declarações negativas para todo o mercado, inclusive o setor automotivo. Por outro lado, o atual presidente [Lula] ‘nasceu’ na indústria automotiva e sempre defendeu os interesses da indústria nacional”, disse ao G1 o diretor de desenvolvimento de negócios da JATO do Brasil, Milad Kalume Neto.
Na esteira do desastre bolsonarista, deixaram o país, além da Ford, as montadoras Mercedes Benz, Toyota, Caoa Chery e Audi; a espanhola Cabify, a cimenteira franco-suíça LafargeHolcim, a maior do ramo no mundo; a japonesa Sony abandonou a Zona Franca de Manaus, a LG, a suíça Roche e o laboratório americano Eli Lilly; a varejista francesa L’Occitane fechou lojas no Brasil, como também a americana Walmart, maior rede de varejo do mundo, todas insatisfeitas com o pífio crescimento econômico conjugado com muitos problemas sociais e redução do poder de consumo das classes mais pobres.
O Brasil viveu altas taxas de desemprego nos anos de bolsonarismo e viu postos de trabalho fechados sendo substituídos por empregos precários e informais. Sem direitos, os trabalhadores e trabalhadoras viram sua renda despencar diante de inflação crescente.
Com informações do PT Org
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