“Divergência e o debate são o caminho natural da política, mas no nosso partido temos o entendimento que a união é uma construção necessária para a vitória”. (deputado distrital Ricardo Vale (PT).
Em seu segundo mandato como deputado distrital, o vice-presidente da Câmara Legislativa do DF (CLDF), deputado Ricardo Vale (PT), gentilmente abriu as portas do seu gabinete para conceder uma entrevista exclusiva ao portal de notícias Agenda Capital.
Em uma conversa franca e aberta, Ricardo Vale, atual vice-presidente da CLDF, compartilhou sua visão sobre a importância do diálogo e da construção de uma aliança democrática para o DF. Reconhecendo a diversidade de opiniões e perspectivas na política, o parlamentar enfatizou a necessidade de união para alcançar objetivos comuns.
“Quem quer construir uma aliança democrática deve dialogar e construir com todos os segmentos da sociedade”, destacou o deputado. “Ele ressaltou que, embora a divergência e o debate sejam naturais na política, é fundamental buscar a união como um elemento essencial para alcançar a vitória coletiva”, pontuou Vale.
Com um histórico de engajamento em diversas áreas, incluindo movimentos estudantis, culturais, esportivos e de defesa dos direitos humanos, Ricardo Vale demonstrou seu compromisso com as causas sociais. Ao abordar a questão da retirada dos moradores em situação de rua, o deputado expressou sua preocupação e seu empenho em encontrar soluções humanitárias para esse problema complexo.
Sobre sua atuação como vice-presidente da CLDF, o parlamentar reafirmou seu compromisso em representar os interesses da comunidade e promover o desenvolvimento sustentável da região.
Como está o Projeto de Lei nº 44/2023, de sua autoria, que altera a lei que criou o Passe Livre Estudantil?
Dep. Ricardo Vale – Está tramitando nas comissões, já foi aprovada na comissão de transporte, vamos conversar com os presidentes das outras comissões para acelerar o trâmite. A tarifa zero estudantil ou mesmo para toda sociedade é possível, e o GDF já sabe que o caminho é esse para melhorar a mobilidade no DF.
Agenda Capital – Outro ponto importante foi o encontro que o senhor teve recentemente com a diretoria da Terracap para tratar da regularização dos micros e pequenos empresários da Cidade Estrutural. Como estão as tratativas nesse sentido?
Dep. Ricardo Vale – A Terracap fez uma nova avaliação dos lotes, atendendo a uma proposta nossa, pois a maioria dos trabalhadores de lá não têm condições de pagar valores de mercado nas áreas. Semana que vem vai acontecer uma nova mesa de conversas, tomara que possamos chegar a um acordo que seja bom para todos. Estou muito confiante na articulação que fizemos junto a Terracap. Agora, a expectativa é que novos editais levem em consideração esse histórico da região.
Agenda Capital – Recentemente o GDF determinou a retirada dos moradores em situação de rua, caso eles queiram. Sabemos que é uma medida polêmica, pois existe decisão do STF a esse respeito. Qual sua avaliação a respeito do assunto?
Dep. Ricardo Vale – O GDF, enfim, está tentando construir uma política distrital para resolver, ou ao menos minimizar, a situação dessas pessoas que estão nas ruas. O plano de acolhimento que tem norteado esse trabalho conta com o aval do Supremo e estou acompanhando de perto as ações. A expectativa é que as pessoas acolhidas tenham condições de não retornar às ruas e até mesmo as lideranças do movimento das pessoas em situação de rua estão recebendo bem essa ação do Estado. Como representante da CLDF no GT criado pelo GDF, estou acompanhando muito atentamente essa questão.
Agenda Capital – Passando para questões mais políticas, como avalia o seu primeiro mandato em 2015 e o atual na CLDF?
Dep. Ricardo Vale – A conjuntura política é outra. De 2015 até 2018 sofremos um ataque terrível de setores do judiciário e da imprensa contra o PT; a presidente Dilma foi afastada; e o nosso líder, o presidente Lula, foi preso em processo ilegítimo, como o tempo provou. Isso teve reflexos nos nossos mandatos, o PT encolheu em quase todos estados. Naquele pleito, disputamos uma eleição com muitos ataques e mentiras, mesmo assim fiquei como primeiro suplente. Agora, votamos e assumimos a vice-presidência da Casa.
Agenda Capital – Como vice-presidente da CLDF, como é seu relacionamento com o Executivo e com seus pares na CLDF?
Dep. Ricardo Vale – Muito respeitosa com todos que respeitam e valorizam a nossa democracia, independente se é do governo ou do parlamento. O que não aceito é a extrema direita mentirosa e antidemocrática aqui no DF. Com essa gente, não tenho diálogo e faço questão de combatê-la com muita convicção.
Agenda Capital – Olhando para as eleições de 2026, o senhor acredita que a esquerda em Brasília poderá lançar um nome de peso em condições de disputar o pleito?
Dep. Ricardo Vale – Temos obrigação de dialogar e construir um nome, temos muitos quadros bons. A conjuntura é boa e podemos derrotar a extrema direita antidemocrática e Bolsonarista da nossa cidade. Lula está fazendo um bom governo e, em 2026, o país estará melhor e isso vai impulsionar a nossa vitória aqui na capital.
Agenda Capital – Um dos problemas da esquerda no DF sempre foi a falta de união em torno de um nome para disputa majoritária. Para 2026, como o PT caminhará? O PT já está trabalhando, buscando a unidade da esquerda?
Dep. Ricardo Vale – divergência e o debate são o caminho natural da política, mas no partido temos o entendimento que a união é uma construção necessária para a vitória. Estamos dialogando com os partidos de esquerda e com o centro democrático da nossa cidade.
Agenda Capital – O seu irmão Paulo Tadeu, hoje conselheiro do TCDF, sempre foi sondado para concorrer ao GDF. Isso ainda faz parte do projeto político?
Dep. Ricardo Vale – Muita gente gostaria, eu também. Paulo é muito competente, um homem público muito respeitado, querido pelos trabalhadores e por muitas lideranças do meio político, mas acho que não está nos planos dele essa decisão.
Agenda Capital – O seu grupo político dentro do PT/DF sempre foi mais de negociação e menos de radicalização. Dentro dessa linha de raciocínio, o grupo aceitaria um vice evangélico em uma eventual chapa majoritária?
Dep. Ricardo Vale – Quem quer construir uma aliança democrática deve dialogar e construir com todos os seguimentos da sociedade e, felizmente, existem muitos evangélicos que não se utilizam da religião e do nome de Deus para enganar as pessoas e ganhar as eleições. Essas pessoas de fé e caráter são bem-vindas, pois respeitam a democracia. Portanto, não vejo problema algum em compor uma chapa de esquerda com um evangélico ou quadro de qualquer outra denominação religiosa.
Agenda Capital – Pesquisas divulgadas semana passada mostram uma queda nos índices de aprovação do presidente Lula, atribuída em parte ao distanciamento em relação aos evangélicos, o senhor acredita numa reaproximação? Há necessidade de mudanças na equipe ministerial?
Dep. Ricardo Vale – Pesquisas são retratos de momento e oscilações são naturais. Não acredito que essa pequena queda seja em função dos evangélicos, não é fácil para o Governo Federal ajustar a nossa economia, o estrago do governo Bolsonaro foi grande. A população quer ver os preços caindo mais ainda e novas vagas de empregos aumentando também, e tenho certeza de que isso vai acontecer. Lula está trabalhando muito, mudanças são normais num governo de quatro anos.
Agenda Capital – Qual sua avaliação sobre a gestão do governo Ibaneis?
Dep. Ricardo Vale – Muita obra por todas as cidades e poucas políticas sociais. Se começar a inverter essa lógica pode melhorar.
Agenda Capital – O que mudaria?
Dep. Ricardo Vale – É um modo de governar que diverge do olhar da esquerda. Para o PT, a prioridade é cuidar mais das pessoas, fortalecer a saúde por meio do SUS, melhorar a mobilidade e garantir assistência social. Esses aspectos, junto com a geração de empregos, impactam na vida das famílias e dão a sensação de melhoria. Esse é o caminho em que sigo trabalhando.
Por Delmo Menezes
Da Redação do Agenda Capital
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