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“Algum de vocês compraria um carro usado do Moro ou do Dallagnol?”, perguntou o presidente da 2ª Turma, que pautou o julgamento da suspeição de Moro nesta tarde no STF

O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, manifestou-se duramente contra os argumentos apresentados pelo colega Kassio Nunes Marques, que votou contra a suspeição de Sergio Moro na tarde desta terça-feira (23), deixando o placar em 3 a 2 a favor do ex-juiz da Lava Jato.

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As declarações de Gilmar foram dadas em seguida ao voto de Nunes Marques, para quem Moro não foi parcial nos processos contra o ex-presidente Lula e as conversas hackeadas, “frutos de crime”, não devem ser usadas juridicamente para declarar Moro suspeito – mesmo os diálogos dos procuradores não estando no habeas corpus da defesa.

“A desmoralização da justiça brasileira já ocorreu”, desabafou Gilmar, que chegou a ficar emocionado e voltou a citar diversos diálogos entre procuradores e Moro e outras ilegalidades do então juiz, como a interceptação dos advogados de Lula. “Algum de vocês compraria um carro usado do Moro ou do Dallagnol?”, perguntou ainda Gilmar Mendes.

“Não me venha com conversas hackeadas, não precisa disso. Eu já disse aqui que estamos diante de um julgamento histórico. E cada um passará para a história com o seu papel. A história registra. E nós vamos ser julgados pela história, é preciso ter essa dimensão”, enfatizou o presidente da Segunda Turma, responsável por pautar o caso nesta terça.

“Vamos ser sérios, tratar isso com seriedade. E não precisa de áudios, vamos falar do processo. Tô falando do que está nos autos, não tô falando de hacker. Mas devo reconhecer que os hackers ajudaram a compreender todo o fenômeno que aí estava. Não tem mais como apagá-lo. Aquilo que a defesa apontava ganhou substância”, acrescentou.

Gilmar Mendes também rebateu a tese de “garantismo” apresentada por Nunes Marques em seu voto para negar a suspeição de Moro. “Combinação de ação entre o Ministério Público e o juiz encontra guarida em algum texto da Constituição? Isto tem a ver com garantismo? Nem aqui, nem no Piauí, ministro Kassio”, disse, citando o estado do colega.

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