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Anderson Torres permaneceu em silêncio durante o depoimento que prestou à PF na quarta (18/). Ele será ouvido novamente nesta segunda (23/1)

Anderson Torres, ministro da Justiça do governo Bolsonaro, e diretores da PF e PRF fazem coletiva de imprensa sobre a operação para o dia das eleições. Ele aponta para frente, falando em microfone - Metrópoles

Rafaela Felicciano/Metrópoles

A expectativa é alta diante do novo depoimento do ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal Anderson Torres. Detido no 4º Batalhão da Polícia Militar, no Guará, desde que desembarcou dos Estados Unidos, em 14 de janeiro, ele será ouvido pela Polícia Federal (PF), às 10h30, desta segunda-feira (23/1). Torres foi exonerado do GDF em 8 de janeiro após os ataques terroristas às sedes dos Três Poderes, em Brasília.

De todos os alvos no novo inquérito dos atos antidemocráticos, aberto pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), Torres é o único que ainda não se pronunciou. Além do ex-ministro, Ibaneis Rocha (MDB); o ex-secretário de Segurança Pública em exercício, Fernando de Sousa Oliveira; e o ex-comandante da Polícia Militar do DF (PMDF), Fábio Augusto Vieira também são alvos dentro das investigações.

Na última quarta (18/1), Torres permaneceu em silêncio durante o depoimento que prestou à PF. Em entrevista ao Metrópoles, o advogado Rodrigo Roca explicou que passou a orientação ao ex-secretário, pois não teve acesso aos autos do processo. Veja movimentação na porta do batalhão:

Rodrigo Roca, advogado do ex-secretário de Segurança Pública do DF Anderson TorresHugo Barreto/Metrópoles

Advogado Rodrigo Roca

Advogado chega ao 4º Batalhão de Polícia Militar do DFHugo Barreto/Metrópoles

Anderson Torres presta depoimento à PF nesta quarta-feira (18/1)Hugo Barreto/Metrópoles

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O ex-ministro de Jair Bolsonaro (PL) começou a ser ouvido no local, onde está preso há quatro dias, às 10h30Hugo Barreto/Metrópoles

Além de Rodrigo Roca, delegados da Polícia Federal (PF) se deslocaram ao 4º BPM, no Guará 2, para ouvir o que o ex-secretário tem a dizerHugo Barreto/Metrópoles

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Rodrigo Roca, advogado do ex-secretário de Segurança Pública do DF Anderson TorresHugo Barreto/Metrópoles

Advogado chega ao 4º Batalhão de Polícia Militar do DFHugo Barreto/Metrópoles

Metrópoles separou os principais pontos que o ex-ministro deve responder durante sua fala à PF.

Plano de Ações Integradas

Titular da SSP-DF no dia em que terroristas destruíram as sedes dos Três Poderes, o ex-secretário-executivo da pasta Fernando de Sousa Oliveira afirmou, em depoimento à PF, que Anderson Torres, então titular da pasta, aprovou o chamado Plano de Ações Integradas (PAI)para as manifestações de 8 de janeiro.

Conforme explicou o ex-secretário-executivo, o PAI é um documento estratégico que define as ações de cada força e o tamanho do efetivo policial. Com isso, o uso de equipamentos e recursos é definido por cada corporação. Fernando acabou exonerado pelo interventor do DF, Ricardo Capelli, nos dias que se seguiram aos atos terroristas.

Sousa Oliveira acrescentou também que, antes de viajar para os Estados Unidos, Anderson Torres não deixou nenhuma diretriz específica e sequer o apresentou aos comandantes das forças policiais ou ao governador afastado do DF, Ibaneis Rocha.

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O secretário de Segurança Pública interino destacou, ainda, que, nos grupos de troca de informações das autoridades do DF, não recebeu notícias de radicais e que os termos usados eram “ânimos pacíficos”, “normalidade” e “policiamento reforçado”. Isso o teria levado a pensar que tudo estava sob controle no início da tarde.

Conforme mostrou a coluna Grande Angular, Fernando de Sousa Oliveira chegou a mandar um áudio para Ibaneis Rocha afirmando que tudo estava “tranquilo, ordeiro e pacífico”.

Sobre as acusações de sabotagem na Secretaria de Segurança Pública, Fernando disse que teria acontecido um erro na execução do plano por parte da Polícia Militar do DF.

Trocas na SSP-DF

Preso em 11 de janeiro por determinação do ministro Alexandre de Moraes, o ex-comandante-geral da PMDF Fábio Vieira avaliou, durante depoimento à PF, que as mudanças de Torres dentro da SSP-DF dificultaram o fluxo de informações no comando operacional no dia dos ataques às sedes dos Três Poderes. Tal questão também será perguntada a Torres depoimento desta desta segunda-feira.

“Dados os diversos vídeos que circulam na internet, é possível verificar que a PMDF realizou as detenções no interior do Congresso, STF e Planalto”, disse. Vieira também afirmou que não havia indicativo de violência entre os atos previstos para o dia.

O então chefe da SSP-DF retornou ao comando da pasta e foi empossado em 2 janeiro deste ano. Ele atuou como secretário da pasta entre 2019 e 2021, durante o primeiro mandato de Ibaneis.

Ainda durante a sua fala, o ex-comandante-geral da PM afirmou que o Exército Brasileiro impediu a ação dos PMs para conter os extremistas durante os atos antidemocráticos de 8 de janeiro. Segundo o coronel, o Exército, a todo momento, “discordou da operação”.

Torres ainda terá de explicar por que não retornou dos Estados Unidos com o celular. Antes de desembarcar em Brasília, ele chegou a postar em uma rede social que seu número havia sido clonado.

Depoimento adiantado

Ibaneis Rocha adiantou, sem ser intimado, o depoimento que iria fazer à Polícia Federal no âmbito do inquérito dos atos antidemocráticos. O emedebista foi até a sede da PF, na Asa Norte, em 13 de janeiro.

Em um dos trechos, afirmou não ter recebido o planejamento de segurança da PMDF. E pontuou que recebeu mensagem do ministro da Justiça, Flávio Dino, “relatando preocupação com a chegada de vários ônibus com manifestantes”, no sábado anterior à destruição na Esplanada dos Ministérios.

Disse ainda ter ligado para Anderson Torres e soube que ele estava nos Estados Unidos. Segundo o governador afastado, o secretário titular passou o contato do interino, Fernando de Souza Oliveira, que tranquilizou Ibaneis “afirmando haver informes de que os manifestantes estavam chegando pacificamente ao QG do Exército para a manifestação do dia 8/1”.

Ibaneis declarou à PF que ficou “absolutamente surpreendido” com a falta da resistência exigida para a gravidade da situação por parte da PMDF. Ele disse que não quer e não pode generalizar esta afirmação, mas ficou “revoltado” quando viu cenas de alguns PMs confraternizando com manifestantes.

O governador afastado afirmou, ainda, que “houve algum tipo de sabotagem”, mas que a investigação em andamento deverá esclarecer. Segundo Ibaneis, a exoneração de Anderson Torres se deu porque ele estava ausente do país no momento do “trágico acontecimento” e, portanto, perdeu a confiança no então secretário.

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