PF aguarda autorização do ministro Alexandre de Moraes; ex-ministro e ex-secretário de Segurança Pública do DF ficou em silêncio durante primeira tentativa. Ele está preso e é investigado por omissão na contenção de atos terroristas.
Por Isabela Camargo, GloboNews
23/01/2023 10h29 Atualizado há 14 minutos
Anderson Torres se mantém calado em depoimento sobre depredações em Brasília e o projeto de lei golpista
A Polícia Federal não vai tomar o depoimento do ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal e ex-ministro da Justiça Anderson Torres nesta segunda-feira (23). Na semana passada, a corporação, a pedido da defesa do ex-gestor, havia solicitado a realização do depoimento nesta manhã.
Na quinta-feira (19), o pedido foi oficializado pela PF ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, responsável pelo inquérito. No entanto, até a manhã desta segunda, o ministro não tinha autorizado a medida.
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Torres está preso no 4º Batalhão da Polícia Militar, no Guará, e é investigado por suspeita de omissão na contenção dos atos terroristas cometidos por bolsonaristas radicais, em Brasília, no dia 8 de janeiro (relembre abaixo). Ele chefiava a Secretaria de Segurança Pública do DF à ocasião, mas nega as acusações.
Ainda não há uma nova data para o depoimento. Uma primeira tentativa foi realizada na última quarta-feira (18), e uma equipe da PF foi até o local onde Torres está preso. No entanto, acompanhado dos advogados, ele ficou em silêncio.
A defesa do ex-secretário alegou que não teve acesso aos inquéritos nos quais Torres é investigado e que ele “esclarecerá sob tudo que lhe for perguntado tão logo a defesa tenha acesso aos autos”. Por isso, pediu a remarcação do depoimento para esta segunda. A solicitação foi corroborada pela PF.
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Ex-ministro preso: entenda as suspeitas sobre Anderson Torres
Prisão
O ex-ministro foi preso em 14 de janeiro, por ordem de Alexandre de Moraes. Quando a prisão foi decretada, no dia 10 de janeiro, Anderson Torres estava de férias com a família nos Estados Unidos. Após a ordem, ele voltou ao país e foi detido no Aeroporto de Brasília.
Durante uma operação realizada pela Polícia Federal na casa do ex-ministro, foi encontrada uma minuta de um decreto para instaurar estado de defesa no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e mudar o resultado das eleições de 2022.
Anderson Torres afirma que recebeu o documento de populares e que pretendia descartá-lo.
Anderson Torres em foto de 15 de junho de 2022, quando ainda era ministro da Justiça do governo Bolsonaro. — Foto: REUTERS/Adriano Machado/File Photo
Cela em batalhão
Segundo um relatório obtido pela TV Globo, Anderson Torres dorme em um beliche e tem acesso a uma antessala com sofá que, de acordo com o documento, está “em péssimo estado de conservação (assento rasgado)” e uma mesa com quatro cadeiras.
Torres também pode usar os armários abertos do local e tem acesso a um banheiro que mede cerca de 1,5 m por 2,5 m. Há, ainda, um alojamento adjacente, composto por uma antessala em que há apenas um frigobar.
Também de acordo com o relatório, foi autorizado que o local recebesse a instalação de micro-ondas e TV. O corredor de acesso à Sala Maior foi isolado e tem policiamento em guarda 24 horas por dia para controle de acesso.
4º Batalhão da PMDF, onde Anderson Torres está preso — Foto: TV Globo/Reprodução
O que diz Anderson Torres?
Horas após os atos terroristas em Brasília, na madrugada do dia 9 de janeiro, Anderson Torres se pronunciou pelas redes sociais, repudiou os ataques e negou conivência com os vândalos bolsonaristas.
“Lamento profundamente que sejam levantadas hipóteses absurdas de qualquer tipo de conivência minha com as barbáries que assistimos”, escreveu.
Na oportunidade, ele chamou os atos antidemocráticos de “execrável episódio”. “Em um caso de insanidade coletiva como esse, há que se buscar soluções coerentes com a importância da democracia brasileira”, disse.
Após a decretação da prisão, Torres informou que interromperia as férias nos EUA e voltaria ao Brasil para se entregar à Justiça.
“Hoje (10/01), recebi notícia de que o Min Alexandre de Moraes do STF determinou minha prisão e autorizou busca em minha residência. Tomei a decisão de interromper minhas férias e retornar ao Brasil. Irei me apresentar à Justiça e cuidar da minha defesa”, afirma Torres.
“Sempre pautei minhas ações pela ética e pela legalidade. Acredito na justiça brasileira e na força das instituições. Estou certo de que a verdade prevalecerá”, declarou.
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