Ex-deputado distrital e federal, Político influente do DF fala das demandas locais e da possibilidade de disputar eleições para o GDF
Faltando agora menos de 10 meses para as eleições no Distrito Federal, e em todo o país, em Brasília, um nome chama atenção: trata-se do ex-deputado Geraldo Magela, 65, que já anunciou que é pré-candidato a governador local pelo Partido dos Trabalhadores (PT). A legenda decidirá nas próximas semanas se ‘bate o martelo’ para tê-lo como candidato, e as chances de que isso venha ocorrer, são grandes, faltando agora a Direção Nacional do PT e de Lula decidirem.
Magela tem longo histórico na política no DF. Foi deputado distrital por duas vezes, presidiu ainda a Câmara Legislativa; foi deputado federal por três mandatos e candidato a senador em 2014. Ele disputou com Joaquim Roriz a campanha mais acirrada de toda a história do DF em 2002, quando obteve 49,5% dos votos no segundo turno.
Magela é bancário aposentado do Banco do Brasil, casado, tem uma filha, é formado em Administração. Diz se orgulhar de ter construído mais de 30 mil moradias nas duas vezes em que ocupou a Secretaria de Habitação do GDF.
Em entrevista ao Blog do Amarildo, Magela falou sobre as eleições deste ano, entre outras demandas. Veja:
Blog do Amarildo – Em tempos de pandemia e com a proximidade das eleições, como o senhor analisa esse período de definição das candidaturas. O nome do senhor continua à disposição da Partido dos Trabalhadores (PT) para disputar o GDF?
Geraldo Magela – Sim. Sou pré-candidato a governador e estamos dialogando internamente no PT para decidir qual será a nossa tática e quem representará o partido nas eleições deste ano. Estamos esperando que o Lula e a direção nacional do nosso partido indiquem quais são as orientações para o DF. Só a partir disso é que nós tomaremos as decisões. Isso deve ocorrer até o mês de março.
No caso de uma candidatura por parte do senhor, qual será o maior desafio. Acredita que será possível concorrer com o atual mandatário, Ibaneis Rocha (MDB), que tem a máquina na mão?
Eu tenho clareza sobre o tamanho do desafio e das dificuldades. Mas nunca fui de fugir de desafios. Quando eu disputei com o Roriz, ninguém acreditava que eu chegaria ao segundo turno. Eu afirmava que chegaria. Cheguei e perdi a eleição por pequena margem de votos. E todos se lembram: o resultado foi questionado por irregularidades naquela eleição. Eu sei que Ibaneis tem a máquina, é forte candidato, mas não é invencível. Se o PT estiver unido e conseguir formar uma boa aliança, nós podemos vencer.
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O senhor considera o governador Ibaneis Rocha favorito à disputa, se sim ou não, quais os motivos?
O atual governador começa a campanha na frente, não tenho dúvidas disso. Mas ele faz um governo que é um desastre na saúde pública, tem a pior gestão do transporte de toda a história do DF e não cumpriu as suas principais promessas. Basta ver as pesquisas, todas elas mostram que a população é muito crítica com relação ao governo dele e não tem nenhum entusiamo em defendê-lo. Portanto, a campanha começará com um favoritismo de Ibaneis, mas não terminará assim.
Desde a saída do ex-governador Agnelo Queiroz do poder (2011/2014), o Partido dos Trabalhadores não teve mais uma candidatura de destaque. No entanto, o senhor, além de dois mandatos de deputado distrital e três na Câmara dos Deputados, se destacou por disputar voto a voto o cargo de governador com o então ícone da política local, o ex-governador Roriz (hoje em memória). Vê algum cenário que isso possa se repetir, no caso de o senhor disputar com Ibaneis ou qualquer outro candidato?
O PT continua tendo forte apoio aqui no DF e eu, sendo escolhido candidato, vou me esforçar para vencer a eleição. Eu sei que vamos precisar de alianças com outros partidos, seja no primeiro turno ou no segundo. E eu também tenho muita convicção na vitória do Lula. E vamos mostrar para a população que o melhor que pode acontecer para a população daqui é ter o Lula como Presidente e o Magela como governador. Isso vai ser ótimo para Brasília.
Como analisa a gestão da pandemia no Distrito Federal?
O governador Ibaneis começou bem no início da pandemia. Mas depois ele foi seguir a cabeça do Presidente Bolsonaro e a coisa desandou. Ele errou muito. E ficou claro que ele não é bom gestor, que ele não sabe administrar. Há poucos dias ele disse que a área da Saúde no seu governo merece nota 8. Eu fiz uma pergunta para os internautas nas minhas redes sociais e a média que ele recebeu não passou da nota 2. Ou seja, ele é reprovado pela população.
O senhor acha que a vacinação contra a covid-19 no DF para crianças chegou no momento certo ou atrasado. É a favor?
Sou a favor da vacina. Eu apoio a ciência e a consciência. Penso que todos nós devemos seguir as orientações científicas. Penso que todo o processo de vacinação chegou atrasado no Brasil. Infelizmente, o nosso país tem um governo negacionista e isso prejudicou muito o combate à covid. Milhares de pessoas que morreram poderiam estar aqui conosco, se a vacina tivesse chegado na hora certa.
No DF, há muitas polêmicas na questão das Parcerias Público Privadas, e a bola da vez é o Complexo do Cave, no Guará. O senhor é a favor dessa privatização? Se sim ou não, quais os argumentos?
Eu penso que o governo que sai privatizando tudo tem duas características: a primeira, não sabe administrar; e a segunda, quer dar lucro para empresários amigos. Eu não vejo necessidade de privatizar o Cave e nenhuma área de lazer. O que precisa ser feito é implantar uma gestão profissional e com a participação da sociedade, que pode ajudar em todos os sentidos. Se eu for o candidato do PT e sendo eleito, vou reverter as privatizações feitas nos governos anteriores. E não vou sair fazendo privatizações.
Como vê o Partido dos Trabalhadores no DF, acha que tem condições de eleger dois ou três deputados distritais, como já ocorreu em outras gestões no passado?
O PT tem força eleitoral para ampliar as suas bancadas, tanto na Distrital quanto no Congresso Nacional. Basta acertar na tática. Eu confio muito na militância do PT. Quando ela está convencida de que é possível vencer, ela vai à luta e ajudar a vencer. A nossa militância vai eleger Lula, vai colocar o Magela no segundo turno e vai ampliar o número de parlamentares petistas eleitos. Tenho fé nisso.
Para falar de política em ano eleitoral, não dá para esquecer da disputa nacional. Como vê o atual cenário?
O Lula será eleito novamente. O Brasil precisa de paz, prosperidade e o nosso povo precisa de ter empregos, bons salários e o Brasil precisa voltar a ser respeitado no mundo inteiro, como já foi quando o PT esteve na Presidência. O Lula está conseguindo ter apoios que ninguém imaginava antes, como lideranças do PSDB. Ele é uma pessoa que constrói a unidade.
O Senhor acha que a disputa será polarizada entre Lula e Bolsonaro, como vê a situação?
Geraldo Magela – A verdadeira disputa será entre o atraso e um futuro de prosperidade. Entre o negacionismo e a ciência. Entre a fome e três refeições por dia. Entre possibilidade de emprego e desemprego crescente. Entre paz e intolerância. E os nomes que representam isso são Lula, de um lado e Bolsonaro, do outro. E vai vencer a paz e a prosperidade com Lula.
O que o senhor gostaria de falar à comunidade para encerar esta entrevista?
Quero dizer duas coisas: tenha fé e lute! Os tempos ruins estão chegando ao fim e os tempos bons estão voltando. Mas não adianta apenas ter fé e ficar quieto esperando as coisas acontecerem. É preciso ir à luta. As mudanças virão por nossas atitudes e nossas ações. Tenhamos fé e lutaremos, porque a vitória chegará!
POR AMARILDO CASTRO
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