Em menos de 48 horas o Brasil irá parar para acompanhar o julgamento mais importante da história do judiciário. Nunca uma decisão teve o poder de interferir tanto na vida nacional. Os magistrados tomaram um caminho sem volta. Seja qual for o resultado, a imagem do poder judiciário será abalada, infelizmente.
3 x 0 CONTRA LULA – Seria uma vitória dos radicais, da Aliança do Coliseu, formada pela Globo com setores antinacionais da burocracia estatal. A fragilidade técnica da acusação é enorme. A condenação está sustentada apenas na delação de Léo Pinheiro, réu no mesmo processo e, portanto, desobrigado de falar a verdade em seu depoimento.
Juristas do mundo inteiro têm criticado a fragilidade da sentença. Não há ato de ofício que sustente a acusação de corrupção. Dificilmente prosperará nas instâncias superiores, mas cumprirá o objetivo de tentar tirar Lula das eleições. O povo não é idiota. Como o judiciário explicará que Aécio, Temer e outros, com mala de dinheiro e até filmagem estão soltos e podem ser candidatos?
Ao hastear uma bandeira ideológica o judiciário abalará sua confiança de forma irreversível no imaginário popular, uma aventura de consequências institucionais imprevisíveis.
Neste caso, caberá à defesa do ex-presidente apenas a apresentação de embargos de declaração sobre a dosimetria e aspectos técnicos. O STF ficará exposto. Determinou a prisão a partir da segunda instância, mas no caso Lula o TRF-4 já disse que não irá executar (medo? covardia?).
O PT vai lançar Lula no dia 25 e irá registrá-lo. Caberá ao TSE cassar o registro. Se acontecer, caberão recursos às instâncias superiores. Aumentarão as especulações na esquerda sobre as alternativas. O mesmo ocorrerá no campo conservador. A presença ou eventual ausência de Lula organiza e desorganiza o jogo.
O dia 17 de setembro é o prazo limite para indicação e/ou troca dos candidatos nas urnas. No dia 20 de setembro acontece a inseminação das urnas eletrônicas. Se Lula for cassado depois desta data o PT poderá indicar outro candidato, mas ao digitar 13 é o rosto de Lula que aparecerá na tela.
Se o 13 ganhar, teremos um caso único na história. Um presidente eleito que empossa um correligionário para governar. Uma completa irresponsabilidade comandada pela marcha da insensatez.
2 x 1 CONTRA LULA – Moro e a Lava Jato ficarão expostos pelo voto divergente. Caberão embragos infringentes que levarão à realização de um novo julgamento, incorporando 4 novos desembargadores. O tribunal leva em média 7 meses para marcar estes novos julgamentos, que ocorreria provavelmente no final de agosto, em plena campanha presidencial.
Com um novo julgamento marcado, Lula ganhará 7 meses de campanha tranquilo. Se entrar agosto, faltando menos de 60 dias para o pleito, e for condenado, estaremos diante de uma grave crise institucional.
A perseguição será amplificada pelo horário eleitoral gratuito. Lembremos que até aqui as TV´s “falam sozinhas”, pelas bocas de seus donos. Com o horário eleitoral isso mudará. A esquerda terá vez na telinha. Lula será mais candidato do que nunca.
O espaço para surgimento de alternativas na esquerda será drasticamente reduzido, e é bem provável que ocorra uma rearrumação de forças na direita visando enfrentá-lo. Será uma eleição radicalizada com dois blocos de forças numa disputa “sangrenta”.
LULA É ABSOLVIDO – É o cenário menos provável, considerando a lógica do golpe. Será o fim da Lava jato com sua narrativa salvacionista, uma derrota acachapante e surpreendente da Aliança do Coliseu. Moro e a turma de Curitiba seriam desmoralizados.
A parcela reacionária da sociedade atacaria de forma virulenta o judiciário. O ativismo ideológico voluntarista lhe levou para um beco que irá corroer sua autoridade, de uma forma ou de outra.
Com um atestado de idoneidade conferido pela justiça, em meio ao mar de lama construido pela própria reação, o ex-presidente seria um candidato muito difícil de ser batido. Se acontecer, o fato de ter sido julgado em tempo recorde favorecerá o candidato do PT. Todos permaneceriam, sem julgamento, com suspeitas, e ele seria o único ficha limpa de fato.
Na esquerda seria “game over”, não haveria mais espaço para ninguém. Na direita, todos passariam a fazer contas, o cenário não estaria mais “tão aberto assim.”
O poder catalisador de Lula iria nas alturas. Dificlmente o centro político resistiria à uma aliança com ele.
Seria quase um processo de beatificação, um novo capítulo da epopéia improvável do menino que saiu de casa num pau de arara, enfrentou tudo e todos, e venceu.
Três desembargadores. Três caminhos diferentes. Um só país. O destino de uma das maiores economias do globo estará em jogo no próximo dia 24. Que a democracia e a sensatez saiam vitoriosos. Existe lugar para superar divergências: na urna. O resto é fascismo e retrocesso civilizacional.
Fonte: Ricardo capelli ,247.