A mudança feita pelo ministro indicado da Justiça, Flávio Dino, nos seus planos de nomear para a direção da Polícia Rodoviária Federal um policial morista prova-se correta, senão por óbvio, ao menos a posteriori.
Não vou discutir opiniões, porque todos podem ter as que quiserem, mas atitudes.
Dirigir uma instituição como a PRF (ou a Polícia Federal) exige prudência e capacidade de antever aquilo que trará problemas à instituição.
Deveria, portanto, o próprio policial Edmar Camata ter tido o cuidado e a lealdade com o ministro e dizer-lhe, ao ser convidado, que sua militância lavajatista nas redes sociais traria prejuízos, cedo ou tarde, para a PRF ou o próprio Ministro da Justiça. Este, aliás, foi no mínimo ingênuo em não se advertir de que alguém metido em política (e política eleitoral) não é, em princípio, o melhor nome para chefiar uma organização policial.
Ainda mais quando a Polícia Rodoviária está exposta pelo descalabro dos atos de seu recém-exonerado diretor geral, Silvinei Vasques, retendo eleitores nordestinos para ajudar a tentativa de eleger Jair Bolsonaro
Aliás, vê-se que já não era prudente ao fazer apologia de procuradores e acusações fora de foro no Twitter e no Facebook, sendo um policial.
Mas é pior ainda não ter a sensibilidade de perceber (ou, mais grave, não se importar) que sua nomeação continuaria mantendo a PRF onde ela jamais deveria estar: a suspeição política.
Camata já foi advertido, em 2018, ao posar em material e campanha com o uniforme da PRF e ao lado de uma de suas viaturas. o que é proibido pela lei eleitoral. Alegou, na época, que era uma imagem antiga.
Deveria ter tirado a lição de que nossos atos passados podem assombrar o presente.
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