Haddad anuncia ação contra o WhatsApp nos EUA por violar a democracia no Brasil
O ex-prefeito de São Paulo e ex-candidato do PT à Presidência da República, Fernando Haddad, anunciou hoje (21) que poderá ingressar com uma ação judicial contra o Whatsapp nos Estados Unidos, país sede da empresa.
O objetivo é forçar a empresa a esclarecer como o aplicativo de rede social foi utilizado no Brasil para a disseminação em massa de notícias falsas durante o período eleitoral.
Segundo ele, a democracia brasileira foi frontalmente atacada pelo WhatsApp durante as eleições.
“Nesta minha viagem aos EUA, estamos avaliando entrar com ação judicial contra o Whatsapp, para que ela lá preste contas do que fez aqui, desconhecendo a jurisdição das autoridades brasileiras”, afirmou.
Haddad informou que dirigentes da empresa no Brasil estão se recusando a abrir os dados sobre a onda de fake news na última semana do primeiro turno, o que fez alterar o quadro eleitoral, favorecendo sobretudo a candidatura de extrema direita do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL).
“Queremos saber quem contratou, quantas mensagens foram disseminadas, para ludibriar quem?”, disse Haddad.
Mentiras pagas – Em meados de novembro, o WhatsApp informou ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que não teria sido contratado pela campanha de Bolsonaro para fornecer “serviços de impulsionamento de conteúdo na rede mundial de computadores”, mas não informou nada sobre as empresas que prestaram serviço e fizeram uma avalanche de mentiras pelo aplicativo, atacando o candidato do PT.
”As redes sociais devem ser utilizadas em benefício das pessoas, não para destruir a democracia. No campo do mau uso da tecnologia da informação, temos que aprofundar o debate interno para que isso não se repita”, frisou Haddad.
Haddad, em entrevista coletiva após reunião com parlamentares das bancadas do PT na Câmara e no Senado, em Brasília, informou que a ação em Nova York ainda vai ser formatada e poderá ter a participação de entidades de outros países, pois o que se fez no Brasil não pode ser repetido em nenhum outro lugar.
“É preciso frear o mau uso das redes sociais, que devem ser usadas em benefício das pessoas, não contra a democracia”.
Caixa dois – Ele disse que a ação na Justiça dos EUA contra o WhatsApp deve ser em caráter universal, para ajudar o mundo a encontrar um caminho para uma democracia estável, que não pode ser “ameaçada com o uso de dinheiro que ninguém sabe de onde vem”, referindo-se indiretamente à campanha de seu adversário Bolsonaro, que foi eleito com o uso massivo do Whatsapp à custa de financiamentos que até agora a justiça brasileira não identificou.
O jornal Folha de S. Paulo publicou denúncias com o nome de empresários que participaram desse financiamento por meio de caixa dois.
Haddad informou que iniciará uma campanha internacional de contatos com setores de centro-esquerda nos Estados Unidos, Europa e América Latina.
“Vamos manter contatos com a centro-esquerda europeia, setores progressistas na Itália, na França, e na Alemanha preocupados com o crescimento do conservadorismo e com o corte dos direitos sociais”.
Ele lembrou que a onda conservadora no mundo tem se valido de “modernas tecnologias para solapar as bases da democracia”.
Frente Progressista de Esquerda – Fernando Haddad adiantou que irá semana que vem a Nova York a fim de participar do lançamento de uma frente progressista internacional.
O convite foi feito pelo ex-ministro das Finanças da Grécia Yanis Varoufakis, que enviou uma carta ao ex-prefeito de São Paulo.
Varoufakis lidera o movimento ao lado do senador americano Bernie Sanders, que perdeu as primárias democratas para Hillary Clinton, em 2016. O lançamento da frente será realizado em Nova York, no dia 1º de dezembro.
O líder do PT na Câmara, Paulo Pimenta (RS), disse que o encontro dos parlamentares petistas com Haddad serviu para que transmitissem a ele o reconhecimento por seu desempenho nas eleições.
Para Pimenta, Haddad, com seus 47 milhões de votos, Haddad saiu do processo eleitoral como uma das grandes lideranças de centro-esquerda não só do Brasil, como de todo o mundo.
As bancadas do PT na Câmara e no Senado fizeram com Haddad um balanço do processo eleitoral e debateram os principais eixos da oposição ao governo ultradireitista Jair Bolsonaro.
Segundo Haddad, haverá duas trincheiras básicas da oposição. Uma mais restrita, em defesa dos direitos sociais, com a atuação conjunta dos partidos de centro-esquerda.
A outra agenda visa a defender os direitos civis mais amplos – como uma escola pública laica – com uma frente que abranja não só a centro-esquerda, mas também setores liberais e de centro-direita.
PT na Câmara
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