Se vier a ser derrotado pela sua estupidez neste episódio, terá muita dificuldade pra se recuperar em curto espaço de tempo. Na saúde tudo é demorado.
Nos setores populares discurso não enche barriga. E muito menos resolve o problema do atendimento no Pronto Socorro. Por este motivo, o fim do acordo de cooperação com Cuba no Mais Médicos pode levar o governo Bolsonaro a perder boa parte da sua base popular.
As pessoas que conhecem a área de saúde brasileira já previam grandes problemas com a limitação imposta pela lei do teto de gastos. Já que na saúde, com o aumento da expectativa de vida e dos custos de tratamentos, é praticamente impossível gerenciar o sistema com a mesma quantidade de recursos.
Sem os cubanos, que devem deixar o país quase todos ainda neste ano, a hipótese de que algumas cidades vivam um caos no setor não está descartada.
E engana-se quem pensa que isso irá ocorrer apenas nos rincões. Em lugares onde já há falta de quase tudo. A crise também deve afetar as periferias das principais capitais.
Bolsonaro terá de governar e seus espasmos autoritários não mudarão o destinatário da conta da crise. Ela será dele.
Outros problemas ainda podem vir a desgastá-lo nos primeiros meses de gestão, mas este parece inevitável e pode ter o efeito de uma avalanche.
Se vier a ser derrotado pela sua estupidez neste episódio, terá muita dificuldade pra se recuperar em curto espaço de tempo. Na saúde tudo é demorado.
Bolsonaro pode ter cometido um erro fatal para um governante que precisa de popularidade para manter apoio político institucional.
Por Renato Rovai
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