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Da última vez em que conversamos, a senadora francesa Laurence Cohen, presidente no Senado do grupo França-Brasil, posou para foto com um panfleto que estampava o rosto de Marielle Franco.

Presente na inauguração em Paris neste sábado (21) do jardim com o nome da vereadora assassinada, ela fala ao DCM sobre o significado do evento no momento em que o país é governado por Bolsonaro. “Marielle é sempre necessária num mundo com Bolsonaro”, diz.

Como é para a senhora uma homenagem a Marielle Franco com a inauguração deste jardim em Paris?

É um momento extremamente importante de mostrar um apoio a uma militante feminista, militante dos direitos humanos e um respeito particular à sua pessoa. Então para mim é normal estar presente.

A senhora enquanto presidente do grupo França-Brasil no Senado encontrou resistências a participar desse evento?

Não resistência a participar desse evento, mas tenho cuidado com os convidados parlamentares que pode haver na França. Para mim, além da clivagem política, é a diversidade política que faz a riqueza do debate. Mas eu não aceito que homens e mulheres políticas possam se enfrentar com insultos. E nesse momento eu não considero que eles são dignos de serem convidados e eu estou particularmente atenta a esses políticos.

E quando vê-se em torno de Bolsonaro eleitos que se ofendem com a foto de Marielle Franco, com insultos contra as e os militantes de direitos humanos, eu acredito que esses deputados não são dignos de serem convidados de representar o país que for, nem de serem convidados. Eu sou uma opositora política de Emmanuel Macron, mas nunca nos insultos de certos dirigentes políticos no Brasil, o que me parece completamente deslocado, inadmissível.

A senhora não convidou membros do partido de Bolsonaro?

Não, eu não convidei. Quando pedimos ao Senado para convidar deputados ou senadores, nós o fazemos com muito prazer e honra. Mas é preciso que esses homens e essas mulheres respeitem os direitos humanos. A partir do momento que sua postura é de insultar, penso que nesse caso eles não precisam participar de encontros, pois não respeitam os outros.

O que significa um evento como esse com alguém como Bolsonaro no poder?

Para mim, é extremamente importante manifestar uma solidariedade internacional para proteger todas aquelas e aqueles que lutam pelos direitos humanos pelo planeta. Então, uma tal manifestação mostra que Marielle Franco é um personagem simbólico que é apoiado por milhões e milhões de pessoas que acreditam nos combates que ela poderia realizar.

Penso que é fundamental que a França, e especificamente hoje a cidade de Paris, possa efetivamente fazer esse evento. Muita gente foi mobilizada para consegui-lo. Penso particularmente em Hélène Bidard, prefeita adjunta de Paris, cuja delegação é a dos direitos humanos e igualdade. Mas penso também evidentemente na prefeita de Paris.

Paris é a capital anti-Bolsonaro?

Não cabe a mim dizer isso. Penso simplesmente que Paris é a capital da França quando honra militantes que lutam pela liberdade, pela igualdade. Houve manifestações em outros momentos da vida política, em favor de militantes que lutavam contra a segregação na África do Sul. Houve manifestações mais recentes da cidade de Paris para apoiar militantes curdos. Toda essa solidariedade é muito importante.

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