Promessas do governo Bolsonaro para Cúpula do Clima de Biden não têm credibilidade, diz especialista
Expectativa em relação ao Brasil é que prometa reduzir emissões já este ano, mas metas anunciadas até então são “fracas”
Por Luisa Fragão
Convocada pelo presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, a Cúpula do Clima se inicia nesta quinta-feira (22) para discutir medidas relacionadas às mudanças climáticas e em prol da preservação do meio ambiente. O evento reunirá líderes de 40 países, incluindo o Brasil. Para especialistas, no entanto, as metas de redução de desmatamento apresentadas pelo governo de Jair Bolsonaro até então “não têm credibilidade”.
Segundo o professor de Relações Internacionais da Universidade de Brasília (UnB), Eduardo Viola, especialista em questões climáticas, as promessas do governo Bolsonaro são “fracas” em relação às expectativas internacionais. O comentário foi feito em entrevista à RFI.
“O que vale é o que acontece no terreno. Os países – Estados Unidos, União Europeia, Reino Unido – esperam do Brasil um anúncio de que promete reduzir significativamente as emissões já este ano”, explica. “A meta anunciada pelo vice-presidente Mourão na semana passada é fraca, porque reduz um pouco o desmatamento em relação ano passado, mas é mais alta que as emissões de quando o governo Bolsonaro começou. Pode ser que anunciem alguma coisa a mais, mas isso, em princípio, não tem credibilidade”, completou.
A diretora-executiva do Instituto Clima e Sociedade, Ana Toni, também afirmou à RFI que os anúncios do governo brasileiro são apenas “chantagem” em busca de verba internacional.
“Acho que, mais uma vez, o governo não agarrou essa chance de realinhamento ao futuro – ao contrário. Usou essa oportunidade para, novamente, chantagear. O governo brasileiro não tem uma visão de futuro”, constata a economista e ambientalista. “A NDC [contribuições nacionalmente determinadas, na sigla em inglês] brasileira que eles
Na semana passada, Bolsonaro enviou uma carta ao mandatário estadunidense se comprometendo com o fim do desmatamento ilegal no Brasil até 2030. O presidente brasileiro disse ainda que, para isso, está disposto a ouvir organizações não governamentais (ONGs), que fazem parte do terceiro setor.
Dezenas de celebridades brasileiras e norte-americanas, incluindo o ator Leonardo DiCaprio, a cantora pop Katy Perry e Gilberto Gil, divulgaram uma carta nesta terça-feira (20) pressionando o presidente dos Estados Unidos a não fechar nenhum acordo ambiental com Bolsonaro.
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