Ex-primeiro-ministro de Portugal defende que o STF confirme a suspeição do ex-juiz Sergio Moro, já condenado por parcialidade. Para ele, Moro “se disfarçou de juiz” e é um “personagem profundamente medíocre”. Assista:
José Sócrates, ex-primeiro ministro de Portugal entre 2005 e 2011, defendeu que o Supremo Tribunal Federal (STF) mantenha nesta quinta-feira (22) a suspeição do ex-juiz Sergio Moro, já condenado por parcialidade contra o ex-presidente Lula. Para ele, Moro “se disfarça de juiz” quando na realidade é um “medíocre” ativista político.
“O que motivou todo o caso Lula foi o fato de o juiz atuar como ativista político. O que estava na sua verdadeira intenção foi construir uma biografia política. Ele queria o poder político e foi motivado politicamente, essa é a principal motivação de tudo que aconteceu. Mas o problema é que um sistema de justiça que tem um juiz que atua politicamente, isto é, que se disfarça de juiz sendo na realidade um ativista político, isso lança uma mancha sobre toda a justiça brasileira que vai demorar muito a passar”, disse Sócrates.
Apesar da imagem negativa, o ex-primeiro-ministro vê as recentes decisões do STF declarando a incompetência da Vara de Curitiba e a suspeição de Moro como um sinal positivo: “Esse é um dos problemas do Brasil. A credibilidade internacional do sistema judicial brasileiro. Felizmente, nos últimos tempos, tem se dado passos para reparar essa norma, nomeadamente no Supremo Tribunal Federal. Tenho certeza que o julgamento de hoje também o confirmará”.
Ele ainda rebateu críticas de defensores da Lava Jato que dizem que Lula não foi inocentado após as decisões do STF: “Mas há por aí alguns que dizem no Brasil que isso é uma mera formalidade e que não apaga nada do que foi feito. Não, não foi nada disso que aconteceu. O que aconteceu no Brasil, tal como aqui em Portugal, foi que o Ministério Público escolheu o juiz. Uma das partes escolheu o juiz que lhe convinha, o juiz certo. Pois bem, em nenhum sistema democrático se escolhe o juiz para casos concretos. A escolha do juiz está definida na lei, e o que aconteceu no Brasil foi que eles escolheram Curitiba com a intenção de fazerem um conluio com o juiz. Isso foi horrível”.
“Personagem profundamente medíocre”
Sócrates não poupou palavras contra o ex-juiz, que, segundo ele, não tem capacidade intelectual e política: “A prova mais evidente foi quando nós assistimos esse escândalo de um juiz que prendeu um adversário político e depois foi para o governo. Se alguns brasileiros acharam que ninguém reparava nisso, que podiam passar por cima disso sem escândalos, estão muito equivocados”.
“O que tivemos a seguir? Um juiz que era um ativista político disfarçado, se transformou em político, e depois todos puderam perceber sua profunda mediocridade. O personagem é medíocre. Não tem nenhuma ideia produtiva e a compleição intelectual e capacidade política, de conhecimento e experiência, para fazer uma carreira política”, completou.
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