Ministro da Casa Civil mostra desagrado com manutenção da taxa Selic a 13,75% em ambiente de inflação em 5,5% anuais. Alta dos juros se deu com inflação acima de 10%
Da sucursal de Brasília do 247 – “O que o presidente do Banco Central está fazendo é um desserviço com a sociedade brasileira”, disse o ministro da Casa Civil, Rui Costa, esta manhã, no Palácio do Planalto, ao comentar a perspectiva que o Comitê de Política Monetária (Copom), chefiado por Roberto Campos Neto, mantenha em 13,75% a taxa de juros Selic. “Essa taxa passou a vigorar quando a inflação estava acima de 10,5% anuais. Hoje, temos um quadro de inflação descendente, em torno de 5,5%, e o BC mantém a mesma dose do remédio”, protestou. E prosseguiu: “Não é preciso que se faça o anúncio do novo marco fiscal para baixar juros. A economia nacional está sendo asfixiada. O Brasil tem a maior taxa de juros reais do mundo e isso é inconcebível. Não é explicável essa postura do Banco Central. Ou ele (o presidente do BC, Roberto Campos Neto) acha que o mundo inteiro está errado e só o BC brasileiro está certo?”.
Citando o prêmio Nobel de Economia Joseph Stiglitz, que está no Brasil e na última segunda-feira deu declarações criticando duramente as altas taxas de juros mantidas pelo BC brasileiro (ontem, nos EUA, outro Nobel de Economia, Jeffrey Sachs, reiterou as críticas de Stiglitz), o ministro Rui Costa revelou-se crítico a uma independência “pela metade” do Banco Central – como ocorre no Brasil. Assim como fez Stiglitz, perguntou-se o ministro da Casa Civil: “O Banco Central é independente de quem e do quê?”. Isto porque, ao contrário da Lei das Estatais (aprovada no período trágico de Jair Bolsonaro) que o Governo Federal busca mudar e corrigir por meio de ação no Supremo Tribunal Federal, onde já recebeu liminar favorável do ministro Ricardo Lewandowiski, o atual presidente do BC, Campos Neto, migrou diretamente de uma diretoria do banco privado Santander para a presidência a instituição financeira pública que regula todo o mercado financeiro. Entretanto, o ex-governador de Pernambuco, Paulo Câmara, que é economista de formação e auditor do Tribunal de Contas, não pôde ainda assumir a presidência do Banco do Nordeste porque a lei veda essa migração imediata e estabelece quarentena de 3 anos para agentes públicos. “Em que lugar do mundo um executivo de banco privado pode migrar direto para a presidência da instituição reguladora do mercado financeiro e um ex-governador de estado não pode assumir a presidência de um banco público de fomento?, perguntou-se e deixou a questão no ar.
Antevendo que o Copom não fará a taxa de juros recuar sequer 0,25%, num gesto de boa-vontade do Banco Central para com o Governo Federal sob a nova administração do presidente Lula, e manterá a Selic em 13,75% no anúncio que se dará por volta das 18h30 de hoje, Rui Costa reiterou: “seguiremos batendo nessa tecla de que é necessário baixar os juros para fazer o País retomar o rumo do crescimento econômico e da geração de empregos”.
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