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Por Gilvandro Filho, do Jornalistas pela Democracia –Pode-se até não acreditar totalmente nas intenções de Nicolas Maduro. Mas, daí a acreditar na política e nas intenções de Donald Trump, a distância é quilométrica. Trump já se tornou presidente dos Estados Unidos de olho no domínio pleno e total sobre todo o continente. A política do republicano é de asas abertas e garras afiadas. A águia nunca esteve tão faminta de poder sobre a América Latina como agora.

A Venezuela é o alvo principal pela imensidão de petróleo que possui. Para dominá-la, e explorá-la, Trump vai usar de tudo e contará com a ajuda servil de países que cercam a terra de Maduro. Precisa ter somente, ao lado e incondicionalmente, países fiéis que lhe sejam pontos estratégicos. Brasil e Colômbia capitularam à matriz sem resistência e cumprem esse papel infame.

No caso do atual governo brasileiro é que a entrega foi mesmo dócil e fulminante. A própria eleição de Jair Bolsonaro foi um “caso pensado” nessa estratégia de águia americana para cravar as suas unhas mortais em um petisco fofo feito bolo de rolo. Uma eleição suspeita, cheia de fatos esquisitos, de um atentado até hoje mal explicado à, por conseguinte, performance de um candidato que cumpriu uma ausência de mais de 40 dias de campanha, longe de debates, cuspindo bala e ameaçando adversários de morte pelas redes sociais.

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A sanha americana vem de antes. A mente e os olhos da águia já contemplavam e agiam sorrateiramente o “país amigo” desde o golpe parlamentar e institucional que derrubou o governo petista da presidente Dilma Rousseff. Em jogo, além do futuro da América Latina “livre do comunismo e do bolivarianismo”, um cerco muito bem estudado à produção de petróleo de Brasil e Venezuela. E aí entra o pré-sal brasileiro como bônus de valor incalculável para o apetite de poder dos EUA e de Trump.

Consolidado o afastamento do PT do governo, as idas e vindas de figuras de proa do golpe verde-amarelo aos Estados Unidos – Aloysio Nunes Ferreira, Sérgio Moro e quejandos – já demonstraram o que estava por vir. O PSDB era o golpista preferido pelos americanos para ocupar o poder, mas os tucanos, historicamente trapalhões e perdedores, se enrolaram nas próprias tramas e perderam o bonde.

Por eliminação, Jair Bolsonaro acabou caindo como uma luva. Bravateiro, inconsequente e estabanado, poderia ser (como foi) a figura ideal para fazer o abre-alas para o governo de Trump em um país confuso a ponto de elegê-lo como padrão de governabilidade, honestidade e pureza ideológica. As idas aos EUA passaram a contar com a presença de um dos filhos do presidente, o deputado Eduardo Bolsonaro. De boné com o nome Trump na cabeça e a função oficiosa de assessor para assuntos internacionais. Sobretudo se esses fossem do interesse dos Estados Unidos e Israel. Como é o caso da guerra contra a Venezuela.

O resultado é o que está aí. Neste final de semana, um conflito internacional poderá ser deflagrado. Na segunda-feira, um encontro de países dóceis a Trump ocorrerá para sacramentar o cerco. O vice Hamilton Mourão representará Bolsonaro, como o vice americano Mike Pence representará Trump – de potência para potência, como na velha piada.

E lá vai o Brasil lutar uma luta na qual escolheu o lado errado. Vai entrar em uma peleja para agradar os Estados Unidos e para servir-lhe de muleta numa questão inglória de intervenção e exploração de um vizinho nosso, por motivos econômicos.

E se você está caindo no conto da “ajuda humanitária” de EUA, Brasil e Colômbia, leia um pouco de História e veja que esse tipo de expediente, vez por outra, é usado como pretexto para intervenções estrangeiras. É claro que ajudas humanitárias sérias existem. Mas, se essa ajuda entre países não for mediada pela ONU, desconfie porque deve ser treta. E esta, do humanitário Trump, não tem a ONU como patrocinadora. É articulada por um fantoche de Trump na Venezuela que atende pelo nome de Juan Guaidó e preside a Assembleia Nacional. É desculpa para a guerra.

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