Lula com mulheres e bebês, ao som do jingle da campanha de 1989. No encontro com hansenianos, a lembrança da lei que os beneficiou no governo
Passa o tempo e tanta gente a trabalhar/De repente essa clareza pra votar/Sempre foi sincero de se confiar/Sem medo de ser feliz/Quero ver você chegar
Lula lá, brilha uma estrela/Lula lá, cresce a esperança/Lula lá, o Brasil criança/Na alegria de se abraçar/Lula lá, com sinceridade/Lula lá, com toda a certeza pra você
Seu primeiro voto/Pra fazer brilhar nossa estrela/Lula lá, é a gente junto/Lula lá,Valeu a espera/Lula lá, meu primeiro voto/Pra fazer brilhar nossa estrela
Da Redação
Diante de uma multidão em Belo Horizonte, ontem à noite, o ex-presidente Lula deu um exemplo de como seria um comício de sua campanha: o jingle era de 1989 (quando foi derrotado por Fernando Collor), mas os olhos estão voltados para 2018.
Talvez uma forma de explorar a saudade do eleitor, especialmente das classes C,D,E, os maiores perdedores sob Michel Temer.
Foi no lançamento da pré-candidatura de Lula.
O PT reafirmou que, ao menos em público, não existe Plano B, ainda que o juiz Sergio Moro possa determinar a prisão do ex-presidente em meados de março, se o TRF-4 rejeitar os embargos de declaração apresentados pela defesa.
A presidenta do STF, Cármen Lúcia, está sob pressão interna para pautar a análise da prisão em segunda instância, que poderia ser derrubada pelo estimado placar de 6 a 5, o que livraria Lula de cumprir pena até que se esgotem todos os recursos ao STJ e ao próprio STF.
Mais cedo, em Belo Horizonte, o ex-presidente reencontrou hansenianos de uma antiga colônia de Betim, alguns dos quais tinham estado com ele no Palácio do Planalto, em 2007, quando Lula assinou a lei que concedeu pensão aos afetados pela doença e pelo antigo isolamento compulsório.
Outro ato simbólico: no meu governo, como no passado, todos serão incluídos. Lula disse que o gesto foi uma forma de dizer a todos os brasileiros que é preciso olhar para os que estão “pior do que nós”.
Em entrevista à rádio Itatiaia, Lula continuou sua guinada para ocupar o centro: disse que faria alianças com o MDB, que articulou a derrubada de Dilma Rousseff, e afirmou que, diferentemente do que pensa João Pedro Stédile, do MST, o filho do ex-vice-presidente José Alencar, Josué (cogitado para ser o vice) é “uma pessoa extraordinária”. [Veja detalhes aqui]
Para qualquer observador arguto da cena política brasileira já ficou claro: com alianças regionais, Lula mira numa votação maciça no Nordeste, onde o apelo de um líder popular perseguido e, possivelmente, preso, faz lembrar episódios históricos em que os do andar de baixo foram eliminados, de Canudos a Lampião.
Mesmo retirado do jogo antecipadamente pela justiça eleitoral, esta votação seria capaz de impulsionar um candidato indicado por Lula ao segundo turno.
No evento de Belo Horizonte, grandes cartazes de Lula livre emolduravam o cenário, no que pode ser a antevisão de uma campanha pela libertação do ex-presidente.
No discurso de pré-candidato, Lula enfatizou as voltas por cima do PT, um tema que ressoa com qualquer pessoa que tenha passado por alguma dificuldade na vida mas se levantou:
Lula em BH: “Estou candidato, aprendam a respeitar a democracia e as urnas”
Em Belo Horizonte, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse na noite desta quarta-feira (21) que a oposição teme sua candidatura porque se recusa a ouvir a voz do povo.
Lula participou do lançamento de sua pré-candidatura à Presidência da República nas eleições deste ano no Expo Minas, no centro da capital mineira, ao lado do governador Fernando Pimentel e da senadora e presidenta do PT Gleisi Hoffmann.
“Aprendi a não baixar minha cabeça. Quero dizer pra aqueles que não querem que eu seja candidato: aprendam a lamber suas feridas e permitam que a democracia vença”.
Lula disse ainda que a perseguição jurídica a ele nunca terá o efeito desejado, porque “é impossível prender ideias”.
“Quero dizer aos meus algozes: Prendam minha carne, mas as minhas ideias continuarão soltas. Não vão prender nossos sonhos”.
E completou: “Quando prenderam Genoíno e Zé Dirceu, nós elegemos o Haddad. Quando acharam que tinham nos destruído elegemos a Dilma e o Pimentel. Toda vez que eles tentam destruir o PT nós nos reerguermos. O problema não é o Lula, são os milhões de Lulas”.
A senadora e presidente do PT Gleisi Hoffmann falou em nome do partido e disse que “o país é refém de uma elite que não aceita as melhorias da classe mais pobre, mas o Lula será candidato e continuará essas mudanças. O PT não tem plano B.”
O governador Fernando Pimentel comparou, assim como Lula, os desrespeitos à democracia com a época da ditadura militar.
“Ao invés de tanques e fuzis eles usam mandatos de busca e apreensão. Eles estão tentando jogar o povo contra as Forças Armadas e as Forças Armadas contra o povo. O povo brasileiro resolveu resistir e nós vamos pra cima deles para exercer nossos direitos democráticos, nós vamos votar no Lula para presidente da República. Não existe nenhuma sentença fajuta que vai nos impedir”.
Ao fim de sua fala, Lula revelou seu desejo de voltar para garantir ao povo o direito de viver melhor.