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Nesta terça-feira (21/11), o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes divulgou a medida de internação compulsória para usuários de drogas

O médico, cientista e escritor Drauzio Varella criticou a medida anunciada nesta terça-feira (21/11) pelo prefeito Eduardo Paes (PSD) para a elaboração de uma proposta sobre internação compulsória de usuários de drogas na cidade do Rio de Janeiro.

“Esse tipo de solução mágica não tem a menor chance de dar certo. Nós temos que impedir que essas crianças que crescem na periferia cheguem ao estágio final do crack. O crack é o fim da linha. Quando chega nessa situação fica muito difícil, assim como é difícil tratar qualquer doença crônica em estágio avançado”, afirma Drauzio, durante entrevista à GloboNews.

De acordo com o médico, os usuários internados em clínicas de reabilitação não ficam longe das drogas, tornando a medida ineficaz.

“O problema é muito maior do que esse, porque nessas clínicas a droga sempre consegue entrar. A única solução que eu vejo seria construir cadeias enormes e colocar todo mundo que usa crack lá. Mas aí teria que entregar a administração para o crime organizado, porque ele é a única instituição que consegue impedir que a droga entre na cadeia”, complementa o doutor.

A motivação por trás do anúncio da Prefeitura do Rio vem depois de um morador de rua estuprar uma mulher em Copacabana, no dia 14 de novembro, segundo Paes. O prefeito anunciou a intenção de adotar a medida em oposição a alegadas “amarras impostas às autoridades públicas para combater o caos”.

“Não é mais admissível que diferentes áreas de nossa cidade fiquem com pessoas nas ruas que não aceitam qualquer tipo de acolhimento e que, mesmo abordadas em diferentes oportunidades pelas equipes da prefeitura e autoridades policiais, acabem cometendo crimes”, escreve Paes, em um post nas redes sociais.

A responsabilidade por elaborar a medida ficou a cargo de Daniel Soranzs, secretário municipal de Sáude, e ele explica que o município pretende aplicar a internção compulsória somente em casos extremos, quando há riscos claros para a vida do usuário/paciente.

Medida já foi aplicada antes

A medida foi implementada anteriormente por Eduardo Paes durante seu primeiro mandato, entre 2009 e 2012. No entanto, foi revogada em meio a críticas contundentes de especialistas e uma intervenção por parte do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ).

Conforme os dados do Censo de População em Situação de Rua de 2020, conduzido pela Prefeitura do Rio em parceria com o Instituto Pereira Passos, constata-se que 31,5% dos residentes em abrigos municipais enfrentam dificuldades nos relacionamentos, sendo alvos de ameaças ou violência por parte de outros abrigados ou funcionários.

Outras questões identificadas incluem a rigidez de horários e regras (16,7%) e a carência de infraestrutura nos edifícios (11,1%), conforme apontado pelos próprios moradores em situação de rua.

Com informações do Metrópoles

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