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Um dos advogados de defesa de Fernando Bittar, Alberto Toron, denunciou durante audiência na 13º Vara de Curitiba, nesta quarta-feira (20), que membros da Polícia Federal e do Ministério Público Federal cometeram abuso de poder ao tentar coagir testemunhas para depor no processo contra o Lula sobre o Sítio de Atibaia, na Operação Lava Jato.

Sítio em Atibaia que o MP insiste em dizer que é de Lula
Como é de praxe, durante a audiência, o juiz Sérgio Moro agiu de forma parcial e saiu em defesa da PF e do MPF ao tentar impedir que a defesa abordasse a questão junto as testemunhas.

“As pessoas foram na casa da testemunha. Um procedimento como esse é absolutamente nulo. Agora se vossa excelência não acha nulo eu não estou querendo qualificar. Estou querendo retratar a cena”, argumentou o advogado.

Moro, em tom irônico, disse: “É ilegal, doutor, inquirir uma testemunha na casa dela?”. Zanin rebateu: “Vossa excelência dirá no momento próprio. Estou querendo retrata uma situação”

No depoimento, o eletricista Lietides Pereira Vieira, irmão de Élcio Pereira Vieira, o caseiro do sítio de Atibaia conhecido como Maradona, declarou que em março de 2016, agentes da PF e do Ministério Público retiraram sua esposa de casa às 6 horas da manhã para prestar depoimento. A esposa, segundo ele, trabalha como faxineira e fez a limpeza do sítio algumas vezes a pedido de Fernando Bittar, proprietário do sítio.

“Estavam armados, com roupa tipo do exército, camuflada, e com armas na mão. Perguntaram para ela se já tinha visto presidente Lula no sítio. Perguntaram para quem ela trabalhava. Ela disse que era para o Fernando Bittar”, relatou o eletricista. O irmão do caseiro do sítio afirmou que a esposa e o filho de oito anos foram retirados de casa pelos agentes sem que houvesse mandado e sem a presença de um advogado.

O pedreiro Edvaldo Pereira Vieira, também irmão do caseiro, também relatou a mesma situação de coação. Disse que procurado por pessoas que se apresentaram como agentes do MP e com uma abordagem intimidatória provocou intimidação e constrangimento. O juiz perguntou se Vieira se sentiu ameaçado pelos agentes. “Ameaçado não, doutor. Mas teve um tom bem forte, eu me senti constrangido”, retrucou o pedreiro

Diante do escândalo, Moro foi obrigado a questionar o MPF dando prazo de cinco dias para esclarecimento. O juiz perguntou à testemunha se ela se sentiu ameaçada pelos procuradores na visita a sua casa. “Teve um tom bem forte, eu me senti constrangido”, respondeu o pedreiro.

Repercussão

O depoimento repercutiu na Câmara dos deputados. Em pronunciamento na tribuna, o líder do PT na Câmara, deputado Paulo Pimenta (PT-RS), denunciou o abuso cometido por integrantes da Operação Lava Jato, na investigação do sítio de Atibaia.

Sobre a coação contra uma mulher e seu filho de 8 anos ao tomar depoimento dela sem mandato, sem presença de advogado, Pimenta classificou como sequestro.

“Isso é sequestro. É coação de testemunha. Isto é o que nós temos denunciado nesta casa, o que acontece diariamente nesta ‘República de Curitiba’ por esses juízes e procuradores que rasgaram a Constituição e perderam o limite, perderam qualquer escrúpulo diante da sua sanha criminosa de perseguir a tudo e a todos em busca de seus objetivos”, disse.

“Para o juiz Sérgio Moro suspender o depoimento e determinar que se abra uma investigação sobre abuso de autoridade dos procuradores e policiais federais envolvidos neste fato, imaginem o que deve ter sido isso”, salientou o deputado, que à época apresentou denúncia, junto com o deputado Wadih Damous (PT-RJ), contra os procuradores envolvidos.

Do Portal Vermelho