PF deflagra operação contra desvio de recursos nas obras do Rodoanel
A Polícia Federal (PF) deflagra hoje (21) a Operação Pedra no Caminho, que apura desvio de recursos públicos nas obras do trecho norte do Rodoanel, em São Paulo.
São cumpridos 15 mandados de prisão temporária e 51 mandados de busca e apreensão na capital paulista e nas cidades de Carapicuíba, Arujá, Bofete, Ribeirão Preto e São Pedro, além de Marataízes e Itapemirim, no Espírito Santo.
O inquérito policial foi instaurado em 2016, após denúncia de um ex-funcionário de uma empresa que atuou nas obras.
Ele apontou manipulações em termos aditivos ao contrato da obra, com o objetivo de aumentar o valor pago às empreiteiras.
Os aditivos contratuais, na fase de terraplanagem, eram para a remoção de rochas, mesmo que o projeto inicial já contemplasse o custo dessa remoção.
A irregularidade gerou sobrepreço de mais de R$ 131 milhões.
Segundo perícia da Polícia Federal e relatórios do Tribunal de Contas da União e da Controladoria-Geral da União, um dos cinco lotes onde houve aditivos para a remoção de rochas teve sobrepreço de R$ 33 milhões.
Os acusados vão responder pelos crimes de fraude à licitação, estelionato contra o poder público, falsidade ideológica e associação criminosa, conforme as suas participações.
Os presos permanecerão na sede da PF em São Paulo, à disposição da Justiça Federal.
PS do Viomundo: Um dos alvos, segundo a Folha, é “Laurence Casagrande Lourenço, que durante o governo Geraldo Alckmin (PSDB) foi presidente da Dersa, estatal responsável por obras rodoviárias paulistas, e secretário de Logística e Transportes. Atualmente, Lourenço preside a Cesp (Companhia Energética de São Paulo)”.
É homem do círculo íntimo de Alckmin, sob o qual teria se dado um desvio de R$ 600 milhões, nas contas dos acusadores.
A investigação, no entanto, foca nos sete anos e quatro meses em que Laurence esteve na Dersa.
Ele assumiu o comando da Dersa logo no início do terceiro mandato de Alckmin no cargo, em 2011, meses após a revelação de possíveis atos de corrupção dentro da empresa durante a campanha eleitoral do ano anterior, envolvendo o antigo diretor de engenharia da Dersa, Paulo Vieira de Souza, o Paulo Preto.
A chegada de Laurence à Dersa ocorreu após um período de três anos na Kroll, empresa que atua na área de investigações corporativas.
Segundo seu perfil numa rede social de negócios, o ex-secretário afirma que “liderava um time de profissionais em investigação”.
Na ocasião, levou para a Dersa um de seus funcionários, Jefferson Bassan.
Dentro da estatal, Bassan liderou um grupo de investigação que chegou à conclusão de que a empresa praticou irregularidades no pagamento de indenizações a falsos beneficiários durante a gestão de Paulo Preto em uma das diretorias da Dersa.
Paulo Preto é, hoje, réu em uma ação que trata dessa suposta fraude, que chegaria a R$ 7 milhões.
Bassan é uma das principais testemunhas de acusação no caso.
Quando indagado sobre a corrupção supostamente praticada por Paulo Preto na Dersa, Alckmin costuma afirmar que foi quem determinou auditoria na empresa.
O departamento, segundo o ex-governador, teria confirmado os desvios e as fraudes nas empresas do perído de 2009 a 2011, quando Alckmin não estava à frente do governo.
Por Fernanda Cruz – Repórter da Agência Brasil São Paulo