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Nem é o caso de comparar com FHC, Lula e Dilma (até mesmo Collor).

Bastam dois neurônios para perceber a barbárie que se instalou no Brasil a partir de primeiro janeiro com o país sob o domínio de Jair, Flávio, Carlos e Eduardo Bolsonaro.

O que chama a atenção na pesquisa do Ibope divulgada nesta quarta, 20, é justamente o clã não ser capaz de notar o tamanho da encrenca em que estão metendo o país e, em última instância, eles próprios.

Num vídeo divulgado na noite de terça, ainda no embalo da emoção de ter sido homenageado num jantar com o presidente nos Estados Unidos, o guru da turma, Olavo de Carvalho, falou sobre as “extraordinárias vitórias alcançadas” por Bolsonaro e o “quanto o país subiu no conceito americano”.

“Vocês deviam estar orgulhosos”, disse Olavo. O problema, segundo ele, são “uns eternos derrotados que não podem ver ninguém dar certo na vida”.

Eis o ponto central da questão: Bolsonaro e sua turma dividiram o país entre os a favor e os contra.

Acontece que a população, que de boba não tem nada, já sacou a estratégia e o resultado está estampado em números.

Jair perdeu três de cada dez apoiadores do seu governo em apenas dois meses, ou 15 pontos percentuais em 60 dias.

A proporção de quem considera sua administração boa ou ótima caiu de 49% em janeiro para 39% em fevereiro e chegou a 34% agora.

É um poço sem fundo, com uma população frustrada com a falta de perspectiva e de ações concretas em áreas sensíveis como saúde, educação, infraestrutura, proteção social, respeito às minorais, trabalho, aposentadoria.

Mesmo assim, Bolsonaro e filhos, insuflados ora por puxa sacos, ora por lunáticos como Olavo de Carvalho, seguem agindo de forma a provocar crises todos os dias sem dar nenhuma contrapartida em troca.

Não por acaso, nos momentos mais sensíveis aparecem os generais para colocar panos quentes e assegurar que tudo vai ficar bem.

Sabemos que vai, pois o brasileiro se acostumou a não contar com o governo. Ao contrário, convive com a sensação de que se os mandatários não atrapalharem já está bom demais.

Foi no rastro dessa máxima que Bolsonaro chegou lá: como alguém de fora do sistema, que vinha para quebrar paradigmas e mudar tudo que está aí.

Seus eleitores só não podiam imaginar o que o Ibope colocou como um espelho diante de todos na tarde desta quarta: o Brasil virou uma bagunça e, para surpresa geral, em boa parte comandada por quem deveria pôr ordem na casa.