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Os parlamentares bolsonaristas que agora acusam o ministro Alexandre de Moraes de “tortura e coerção” na audiência com o tenente-coronel Mauro Cid são os mesmos que exaltam um dos mais notórios torturadores da ditadura militar brasileira, Carlos Alberto Brilhante Ustra. Essa contradição expõe a falta de coerência moral da extrema direita, que defende com veemência um torturador reconhecido pela Justiça, mas se diz indignada quando um ministro do Supremo Tribunal Federal apenas instrui um réu sobre as consequências de seu acordo de delação premiada.
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Ustra foi reconhecido pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) como torturador em 2014, sendo o único agente do regime militar com tal reconhecimento judicial, embora outros nomes tenham sido listados pela Comissão Nacional da Verdade. Ele comandou o DOI-Codi de São Paulo, centro de repressão onde presos políticos eram brutalmente torturados. Jair Bolsonaro, que sempre o idolatrou, chegou a dizer que Ustra era um “herói nacional”. Agora, seus aliados políticos querem convencer otarios de que Mauro Cid foi vítima de tortura psicológica porque Moraes explicou a ele as consequências jurídicas de sua cooperação com a Justiça.
As acusações de Flávio Bolsonaro, Sóstenes Cavalcante, Nikolas Ferreira e Marcel Van Hatten são um teatro político de vitimismo para encobrir as graves revelações do depoimento de Cid. A quebra de sigilo da delação mostra que ele mudou sua versão sobre pontos centrais da trama golpista em uma audiência onde Moraes o alertou sobre as consequências de mentir à Justiça. Isso não é tortura; é a lei sendo aplicada.
Se ameaçar um réu com a revogação de seu acordo de delação é “tortura”, então o que dizer do pau de arara, da cadeira do dragão e das sessões de choques elétricos que Ustra aplicava em opositores do regime? O mesmo grupo que minimiza os horrores da ditadura agora usa a palavra “tortura” de maneira oportunista para deslegitimar uma investigação que atinge diretamente Bolsonaro e seus aliados.
Essa tentativa de transformar Mauro Cid em vítima é um insulto às verdadeiras vítimas de tortura no Brasil. Diferentemente dos presos políticos da ditadura, que eram brutalizados sem qualquer direito de defesa, Cid teve acesso a advogados, optou por colaborar com a Justiça e recebeu garantias legais. Se ele mudou sua versão, não foi por “tortura”, mas porque percebeu que a impunidade não era uma opção.
O que se vê aqui é mais um episódio de cinismo da extrema direita, que se diz defensora da “liberdade” ao mesmo tempo em que celebra a memória de um torturador como Ustra. Eles não têm autoridade moral para falar em coerção ou abusos de poder quando passaram anos justificando os horrores do regime militar e atacando a democracia. O Brasil precisa deixar de lado esse revisionismo histórico e enfrentar a realidade: quem defende torturadores não pode se dizer contra a tortura.
Com informações do Diário do Centro do Mundo
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