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VIOMUNDO
Marcelo Zero: Temos de ter muitos cuidados para “falar” em democracia
Em 03/02, o presidente Lula durante apresentação de cartas credenciais do embaixador da China no Brasil, Zhu Qingqiao, no Palácio do Planalto, em Brasília. Em 10/02, durante reunião com o presidente dos EUA, Joe Biden, na Casa Branca, Washington (EUA). Fotos: Ricardo Stuckert/PR

principalmente nos governos do PT, participação ativa e positiva em todas as esferas regionais e mundiais que se dedicam à causa universal da afirmação progressiva de todos os direitos humanos, sejam eles políticos, sociais ou econômicos.

Apesar desse firme compromisso com os direitos humanos, o Brasil evita condenações formais a países específicos, que normalmente servem apenas para a defesa de interesses geopolíticos, que nada têm a ver com a promoção efetiva da democracia e com a proteção aos direitos humanos fundamentais.

Na realidade, a posição histórica da diplomacia brasileira tem sido a de evitar as condenações oportunistas, hipócritas e inúteis a certos países que não são do agrado dos EUA e aliados.

Economist Intelligence Unity (EIU).

Segundo essa publicação, somente 24 países do mundo, entre os 167 pesquisados, seriam “democracias plenas” (full democracies). O resto se divide entre as categorias de “democracias imperfeitas” ou falhas (flawed democracies), “regimes híbridos” (hybrid regimes) e “regimes autoritários” (authoritarian regimes).

extrema, é a negação de todo direito. Quem é pobre vive agrilhoado pela necessidade, que é o oposto da liberdade. O pobre tem muita dificuldade em exercer direitos e não vive realmente em democracia, mesmo que ela formalmente exista.

A maior parte da população mundial, que é pobre e miserável, está mais interessada numa democracia substantiva.

No direito a comer, no direito a morar, no direito a ter saúde, no direito a conseguir educar seus filhos. Não quer apenas votar, seguindo o modelo das democracias ocidentais. Isso não é captado pelos relatórios conservadores da The Economist, mas é necessário falar sobre isso também.

São, portanto, muitos os cuidados que temos de ter para “falar” em democracia, até mesmo porque quem costuma ter a fala hegemônica sobre o assunto não está realmente nela interessado.

Melhor ouvir, conversar e dialogar, como o Brasil e Lula sabem fazer.

*Marcelo Zero é sociolólogo e especialista em Relações Internacionais.