O retorno de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos, oficializado na posse de segunda-feira (20), marcou uma nova fase de sua política, mais alinhada à extrema-direita. Em um discurso agressivo, o republicano reforçou ataques contra migrantes, desconsiderou pautas de igualdade racial e de gênero e prometeu ações expansionistas que tensionaram a política externa.
Diferente de 2017, quando usava retórica conciliatória ao abordar questões raciais, Trump foi direto ao afirmar que acabará com “políticas de raça e gênero em todos os aspectos da vida pública e privada”.
Ele também anunciou que a política oficial do governo reconhecerá “apenas dois gêneros” e priorizará um modelo de sociedade “baseado no mérito”. O discurso foi considerado um retrocesso na luta pelos direitos civis, especialmente por sinalizar a exclusão de grupos historicamente marginalizados.
De forma controversa, Trump citou Martin Luther King Jr., ícone dos direitos civis. “Hoje é o dia de Martin Luther King e, em sua honra, vamos fazer seu sonho se tornar realidade”, disse. A declaração foi vista como contraditória, dado o conteúdo excludente do restante de seu discurso.
Trump reafirmou seu discurso anti-imigração, agora com tom ainda mais agressivo. Ele prometeu declarar estado de emergência na fronteira sul e retomar sua política de “Permanência no México”, que impede migrantes de entrar nos EUA enquanto aguardam julgamento de seus casos.
“Milhões de criminosos serão retornados aos lugares de onde vieram. Vamos enviar tropas para reparar os desastres da invasão em nosso país”, declarou, sendo ovacionado por apoiadores conservadores presentes no Capitólio.
No cenário internacional, Trump surpreendeu ao atacar nominalmente o México, Panamá e China, reforçando uma retórica expansionista. Ele afirmou que o Golfo do México deveria ser renomeado para “Golfo da América” e declarou que os Estados Unidos irão “tomar de volta” o Canal do Panamá, atualmente operado por uma empresa chinesa.
“Os EUA gastaram mais dinheiro no Canal do Panamá do que em qualquer outro projeto. Fomos tratados muito mal e isso precisa acabar”, reclamou. As declarações geraram reações imediatas, incluindo da presidente mexicana, Claudia Sheinbaum, que ironizou a fala, sugerindo renomear os EUA para “América Mexicana”.