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O Conselho Nacional de Saúde (CNS) quer que o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, revogue protocolos e outros instrumentos normativos que incentivem o uso, no tratamento da covid-19, de cloroquina e outros medicamentos sem eficácia e segurança comprovadas pela Agência Nacional de Saúde.

Neste domingo (17), após a aprovação para uso emergencial das vacinas, a agência reguladora reafirmou posição contrária à indicação de qualquer medicamento para tratamento da doença causada pelo novo coronavírus sem comprovação da eficácia.

No dia seguinte, o ministro Pazuello mudou o discurso e negou que seja orientação da pasta o “tratamento precoce” e medicamentos sem comprovação científica para para tratar os doentes. Falou que a recomendação é o “atendimento” precoce.

Cloroquina renegada

No mesmo dia, o presidente Jair Bolsonaro mandou apagar das suas contas nas redes sociais as diversas fotos e vídeos em que ele aparecia segurando caixa de cloroquina, como um garoto-propaganda.

No início do mês, o Ministério da Saúde enviou ofício à Secretaria Municipal de Saúde de Manaus, pedindo autorização para equipes do próprio ministério percorrer Unidades Básicas de Saúde (UBS) para difundir “o tratamento precoce como forma de diminuir o número de internações e óbitos decorrentes da doença”.

Em ofício enviado ao Ministério nesta terça-feira (20), o presidente do Conselho, Fernando Pigatto pondera sobre a nota informativa nº 17/2020 da pasta com orientações para o tratamento medicamentoso de pacientes diagnosticados com covid-19. A nota também prescrevia dosagem para o difosfato de cloroquina, o sulfato de hidroxicloroquina – versão menos tóxica da substância e o antibiótico azitromicina.

Problemas cardíacos

Em maio passado, o CNS publicou nota com alerta para os riscos do uso da cloroquina e hidroxicloroquina, em um claro posicionamento contrário ao documento do ministério com orientações para tratamento medicamentoso precoce de pacientes de covd-19. Nela, destacou pesquisas de importantes institutos internacionais que têm demonstrado o surgimento de graves e fatais efeitos indesejáveis, entre eles problemas cardíacos.

De acordo com a coordenadora da Comissão Intersetorial de Ciência, Tecnologia e Assistência Farmacêutica do CNS, a conselheira nacional Débora Melecchi reforçou que ainda não existe qualquer evidência científica de medicamentos para tratamento da covid-19, precoce ou não. “Ao contrário disso, existem estudos comprovando que a cloroquina, a ivermectina e a azitromicina são completamente ineficazes para o tratamento da covid-19, precoce ou em si”.

Mais do que revogar as normativas, porém, o Conselho Nacional de Saúde entende como fundamental que o governo de Jair Bolsonaro garanta recursos, resolva questões diplomáticas que emperram o acesso da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e o Instituto Butantan à importação de mais doses de vacina contra a covid-19.

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