Ao vir à tona um plano de militares que pretendiam matar Lula, Alckmin e Alexandre de Moraes, Poderes são veementes em condenar e cobrar punições aos insurgentes. Presidente do STF, Luís Roberto Barroso alerta para o risco que a democracia correu
O plano para assassinar Luiz Inácio Lula da Silva e Geraldo Alckmin causou profundo mal-estar no Supremo Tribunal Federal, que na semana passada foi atacado por um bolsonarista que explodiu bombas perto da Corte e tinha planos de matar o ministro Alexandre de Moraes — também alvo dos militares golpistas que pretendiam tirar a vida do presidente da República e do vice antes que tomassem posse. O presidente do STF, ministro Luís Roberto Barroso, considerou os fatos “estarrecedores” e lamentou que o Brasil um dia tenha ficado à beira do “inimaginável”.
Na sessão de ontem do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), Barroso frisou a gravidade do episódio. “Tudo sugere que estivemos mais próximos do que imaginávamos do inimaginável. O que é possível dizer, neste momento, é que o golpismo, o atentado contra as instituições e contra os agentes públicos que as integram, nada têm a ver com ideologia ou com opções políticas. É apenas a expressão de um sentimento antidemocrático e do desrespeito ao Estado de direito. Nós estamos falando de crimes previstos no Código Penal”, observou.
“Ciclo de atraso”
Barroso foi além. Ressaltou a necessidade de “empurrar para a margem da história comportamentos” como os descritos na Operação Contragolpe, que prendeu quatro militares e um agente da Polícia Federal golpistas. “Felizmente nós já superamos os ciclos do atraso dessas quarteladas e dessa visão antidemocrática em que ‘eu não suporto que alguém que pense diferente de mim tenha sido eleito’ — um retrocesso imenso saber que nós estivemos perto de alguma coisa como essa”, afirmou.
O ministro deixou claro que a investigação é “conduzida com muita seriedade pela Polícia Federal” e que o Judiciário vai julgar o caso “conforme as leis e a Constituição”. Afirmou, ainda, que investigações como as que estão em curso pela PF são a prova de que as instituições “estão funcionando”.
Em entrevista à Globonews, o decano do STF, Gilmar Mendes, ressaltou que há indícios de participação de militares de alta patente no plano de golpe com os assassinatos de Lula, Ackmin e Alexandre de Moraes. “Tudo indica que tinha pessoas de mais elevada patente participando desse complô, dessa iniciativa que é extremamente danosa para a democracia. O fato de hoje (ontem) é extremamente grave porque envolve participantes das Forças Armadas. Esse é um dado cuja visão a gente não deve perder”, salientou.
Segundo Gilmar, a tentativa de golpe com três assassinatos “não se trata de mera cogitação, estamos já em um plano de preparação e execução (do crime)”. Ele disse que a legislação é severa no que diz respeito a crimes contra a segurança nacional e que “não se pode banalizar” o plano golpista.
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